No Fórum de Energias Limpas da Ásia, realizado na semana passada, em Manila, nas Filipinas, representantes de mais de 50 países, organizações multilaterais e especialistas, um dos consensos foi que as energia renováveis são um instrumento indispensável à redução da pobreza no mundo. O Fórum, sexto da série, foi organizado pelo Banco de Desenvolvimento da Ásia (ADB), pela USAID e pelo World Resources Institute, WRI.
Perto de 1,5 bilhão de pessoas não têm acesso a eletricidade no mundo, ao final da primeira década do século 21. Em torno de 2,5 bilhões não têm acesso adequado a energia. Eletricidade é prerrequisito à elevação do nível de vida das famílias. Ela permite uma série de procedimentos elementares, como preservar alimentos e medicamentos, e a serviços essenciais, como os de comunicação. A energia limpa é um instrumento essencial ao enfrentamento do grande desafio deste século, que é a mudança climática. E é um instrumento para que enfrentemos o desafio da erradicação da pobreza, o grande fracasso do modelo de desenvolvimento do século 20.
É clara a conexão entre os dois desafios. O agravamento do perigo associado às mudanças climáticas com a aceleração do aquecimento global é uma evidente sequela do modelo de desenvolvimento que levou boa parte do mundo ao maior avanço material da história contemporânea, especialmente após a Segunda Guerra Mundial. A persistência da pobreza é a marca mais nítida das limitações sociais deste modelo. Agora, temos como desafio mudar o modelo de desenvolvimento no século 21, de modo a enfrentar, com sucesso esses dois desafios.
As energias renováveis, especialmente as de emissões zero ou muito baixas, como a biomassa, permitem soluções locais, no âmbito comunitário, descentralizadas. Também, se prestam a soluções em escala intercomunitária, com pequenas redes, fora do sistema geral.
Precisamos começar a discutir a sério soluções energéticas limpas e descentralizadas no Brasil. A grande deficiência do “Luz para Todos” é que não é para todos, porque só alcança aqueles que estão próximos da rede geral.
(Por Sérgio Abranches, Ecopolítica, Envolverde, 29/06/2011)