O anúncio recente da Coca-Cola Brasil, de ampliar a venda do refrigerante mais tradicional do mundo em garrafas reutilizáveis, reacende uma disputa entre as barulhentas indústrias do plástico e vidro.Qual embalagem, afinal, agride menos o ambiente?
- O vidro é totalmente reutilizável. Você joga os cacos em um forno a 1.300°C e eles se transformam em outro vidro. O aproveitamento é de 100%. Estamos prontos para qualquer tipo de discussão sobre as vantagens que o vidro pode oferecer - diz Lucien Belmonte, superintendente da Abividro.
O discurso é tão assertivo que, ao desligar o telefone, o interlocutor acredita estar diante do mais limpo processo industrial. A certeza se mantém até ouvir os argumentos de Auri Marcon, presidente Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet):
- Se um caminhão sair carregado com água em embalagem retornável (vidro), 48% do espaço será ocupado com a embalagem e 52% com o líquido. Se for com PET, apenas 2% da carga será com embalagem e 98% com o produto. Sem falar na reciclagem, que gera um faturamento anual de cerca de R$ 1,1 bilhão.
Na academia, as análises são ponderadas. Coordenador da Faculdade de Engenharia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Claudio Luis Crescente Frankenberg destaca vantagens em ambos:
- Do ponto de vista ambiental, o vidro talvez seja menos agressivo. Em termos de comodidade, o PET é mais fácil de lidar.
Mestranda em Engenharia Urbana e Ambiental pela Pontifícia Universidade Católica do Rio e pela Universidade Técnica de Braunschweig, na Alemanha, a arquiteta e urbanista Patrícia Guedes ressalta a rentabilidade da reciclagem do plástico. Ao interpretar a pesquisa Pagamento por Serviços Ambientais Urbanos Para Gestão de Resíduos Sólidos, realizada no ano passado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, Patrícia salienta:
- É estranho pensar em retorno do uso do vidro, porque o PET se mostra mais benéfico.
(Por Carlos Etchichury, Zero Hora, 29/06/2011)