Uma rejeição total da engenharia do poder nuclear é impossível no mundo, porque resultará no aumento de efluentes de dióxido de carbono na atmosfera em cerca de 25% em relação ao nível atual. A afirmação foi feita em entrevista coletiva por Sergey Kiriyenko, diretor-geral da Rosatom, a corporação estatal nuclear russa. Kiriyenko afirmou: “Se imaginarmos por um momento que todas as usinas nucleares parassem e fossem substituídas por outras fontes de energia, na situação do mundo atual isso representaria uma carga adicional de 1,7 bilhão de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. A maioria dos especialistas acredita que isso excede os limites aceitos atualmente.”
Segundo Kiriyenko, somente cinco países – Alemanha, Itália, Áustria, Suécia e Tailândia – tornaram pública sua decisão de desistir da energia nuclear. Outros três países – Japão, Cingapura e Brasil – resolveram suspender o trabalho em suas usinas, porque ainda não chegaram a uma decisão. Trinta e nove países anunciaram não mudar seus programas para o desenvolvimento de usinas nucleares. As discussões sobre a energia nuclear se intensificaram depois do terremoto e do tsunami devastadores no Japão, em 11 de março, que provocaram o acidente da usina nuclear de Fukushima-1, onde vários vazamentos de radiação ocorreram.
Na opinião de Kiriyenko, o Japão não deixará de usar suas usinas nucleares. Disse ele: “Falando com franqueza, não vejo como o Japão poderia fechar suas usinas.” Atualmente, o governo japonês discute maneiras de proteger suas usinas nucleares contra calamidades naturais, e Kiriyenko acredita que tecnicamente isso é possível. Ele lembrou que o Presidente Dmitri Medvedev disse a mesma coisa no recente Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, comentando sobre as “exigências pós-Fukushima” na área da engenharia das usinas nucleares
(Diário da Rússia, Folha.com, 27/06/2011)