Três meses após o terremoto e o tsunami que afetaram o Japão ainda é impossível saber a exata dimensão do acidente nuclear na usina de Fukushima. A declaração foi dada à Rádio ONU pelo presidente da Conferência Interministerial sobre Segurança Nuclear e embaixador do Brasil, Antonio Guerreiro. O embaixador baseou-se num relatório preliminar apresentado à Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, logo após a visita de uma missão de peritos ao Japão. “A mensagem à opinião pública mundial é de que o assunto está sendo considerado seriamente. Não será um processo rápido. Será um processo que levará tempo. Mesmo porque, como eu lhe disse, ainda não há condições de fazer uma avaliação clara do que realmente aconteceu”, disse.
No encontro da Aiea, que ocorre em Viena, na Áustria, as Nações Unidas estão pedindo ação de várias agências para analisar os fatos sobre o acidente nuclear de Fukushima. Para o embaixador brasileiro, é preciso evitar acidentes nucleares em vez de desistir da energia atômica. “A energia nuclear é um assunto que, normalmente, é carregado de muita emoção. Não morreu ninguém em decorrência do que aconteceu em Fukushima. As mortes não foram decorrentes do acidente nuclear mas do tsunami que aconteceu. A energia nuclear está aí e, dizer que não é segura é uma falácia. Há riscos como em qualquer empreendimento humano. A nossa função é tentar minorar esses riscos e evitar, na medida do possível, que eles aconteçam”, sublinhou.
A Conferência em Viena está analisando os resultados preliminares de um relatório da missão internacional de peritos, enviada a Fukushima pela Aiea para fazer uma avaliação de várias usinas nucleares do Japão, entre elas a de Fukushima Daichi, a mais afetada pelo acidente. Com o vazamento de material radioativo pela usina, a área foi isolada imediatamente num raio de 20 km. De acordo com a missão internacional, o Japão não estava preparado para lidar com a escala do desastre. A Conferência em Viena termina nesta sexta-feira.
(Por Eleutério Guevane, Rádio ONU, EcoAgência, 27/06/2011)