A venda do sangue de índios da Amazônia na internet pela empresa norte-americana Coriel Cell Repositories deverá ser investigada pelo Senado brasileiro. Pelo Twitter, o senador Cristóvam Buarque (PDT-DF) afirmou neste sábado que levará o caso à Comissão de Direitos Humanos do Senado. A garantia de Buarque chegou à Agência Amazônia por meio de seu microblog. Em um post às 16h06, Cristóvam assegurou: “vou levar o assunto para a Comissão de Direitos Humanos do Senado”. O sangue dos índios da Amazônia é bastante requisitado por pesquisadores porque já se descobriu que algumas etnias possuem maior resistência a certas doenças.
Mais tarde, o leitor Fernando Claro Dias alertou em um post no Twitter o senador Cristóvam Buarque para a gravidade da denúncia veiculada na Agência Amazônia. Dias enviou o link da reportagem ao senador por Brasília: “Boa noite, senador Cristóvam. Esta denúncia é gravíssima e precisa ser apurada”. Cristóvam, no entanto, já havia se comprometido levar o caso para análise no Senado. “Chokei”, assim reagiu a tuiteira Cyneida ao ler a reportagem. Outros seguidores da Agência Amazônia no microblog se confessaram estarrecidos com a situação. Para Nando, de Recife, a empresa é uma verdadeira sanguessuga.
Na Câmara, a deputada Perpétua Almeida (PC do B-AC) também já começou a ser movimentar. A deputada apresentou na Comissão de Relações Exteriores requerimentos a várias autoridades brasileiras com pedidos de informações acerca da venda do sangue dos índios da Amazônia pela empresa Coriel Repositories.
Capa do The New York Times
A oferta de sangue pelo Coriel já dura mais de uma década. Em diversas ocasiões, a Agência Amazônia cobrou providências das autoridades brasileiras. Várias foram as promessas. Até agora, no entanto, nenhuma medida concreta foi adotada pelos organismos governamentais, embora o caso ter sido destaque no jornal The New York Times. Apesar da repercussão, a Coriel Repositories mantém à venda as amostras de células e de DNA de índios da Amazônia.
Por módicos US$ 85 (R$ 134,13) uma pessoa de qualquer lugar do planeta pode comprar, sem sair de casa, amostras de linhagens de células e de DNA do sangue das etnias Karitiana, Suruí e Ianomâmi. Se tiver disposta a gastar mais, a pessoa pode também encomendar amostras de sangue de índios do Peru, Equador, México, Venezuela e de diversos outros países. A ação configura crime por desrespeito aos direitos fundamentais dos índios.
No Brasil os jornais e as autoridades silenciaram sobre o assunto. O mesmo não aconteceu no exterior. Nos Estados Unidos, o jornal The New York Times destaca o assunto em primeira página, na edição do dia 20 de junho de 2007. Assinada por Larrry Rohter, correspondente do jornal no Brasil, destaca a polêmica envolvendo tribos indígenas da Amazônia e institutos de pesquisas estrangeiros que vendem sangue coletado dos nativos nos anos 70 e 90.
Líderes das etnias Karitiana, Suruí e Ianomâmi, escutados na reportagem, dizem não ter recebido um só centavo pela venda de seu material genético, vendido a US$ 85 cada amostra por uma firma americana chamada Coriell Cell Repositories, uma entidade sem fins lucrativos baseada em Camden, Nova Jersey.
(Agência Amazônia, 27/06/2011)