Com tanta precariedade ao redor, os 11 municípios que serão afetados pela construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, têm encarado o projeto da usina como "uma redenção" para toda a região. A postura ficou bem clara durante o primeiro encontro entre os prefeitos, lideranças do governo federal e representantes do consórcio Norte Energia, responsável pela construção e operação da usina.
"Que Belo Monte venha logo”, disse o prefeito de Uruará, Eraldo Pimenta (PP), durante o encontro, realizado em Altamira. “Estamos à espera de suas obras e as mudanças que elas irão gerar”, agregou o mandatário.
Em Brasil Novo, diz a prefeita interina do município, Fátima Rocha (PTB), o consórcio já aplicou pelo menos R$ 1 milhão em melhorias na cidade. "Só quem vive aqui sabe a dificuldade que nós passamos. Por isso, sempre fui a favor dessa obra de Belo Monte", comenta ela.
A partir de julho a Norte Energia vai lançar, em parceria com as secretarias de saúde dos municípios, um plano de controle da malária na área de influência da usina, ação que faz parte das condicionantes estabelecidas na Licença de Instalação concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O plano terá um custo total de R$ 36,8 milhões para a Norte Energia.
A empresa vai contratar 195 profissionais de saúde para atuar no programa. Serão entregues às prefeituras 17 caminhonetes, 36 motocicletas, 17 barcos de vários tamanhos e 45 bombas para aplicação de inseticidas, entre outros equipamentos.
No chamado Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável (PDRS) do Xingu, o governo prevê um investimento de R$ 2,5 bilhões na região durante a construção da usina, que tem previsão de ser concluída até 2019. Do consórcio Norte Energia, mais R$ 500 milhões deverão ser injetados neste mesmo período em ações socioambientais.
Com uma população total de aproximadamente 350 mil pessoas, os 11 municípios do complexo do Xingu deverão atrair cerca de 100 mil novos habitantes para a região. Para evitar conflitos fundiários, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) vai concentrar esforços na região para acelerar a regularização de terras. Parte das obras também envolverá a pavimentação da rodovia Transamazônica, pelo menos no trecho de 80 quilômetros que corta Altamira até o pequeno vilarejo de Belo Monte, na Volta Grande do Xingu.
(Vermelho, com informações do Valor Econômico, 20/06/2011)