Passados cem dias da catástrofe em Fukushima, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) critica reação do Japão e diz que Tóquio não protegeu devidamente a central nuclear contra a eventualidade de um tsunami.
Três meses após a catástrofe nuclear em Fukushima, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) critica a segurança nuclear no Japão. O país não teria respeitado padrões e sugestões da AIEA, diz o relatório das Nações Unidas elaborado por especialistas da Agência, após visita à central nuclear avariada pelo terremoto seguido de tsunami, em 11 de março último.
No documento a ser apresentado na conferência sobre segurança nuclear em Viena, nesta segunda-feira (20/06), os especialistas da AIEA afirmam que o Japão não protegeu adequadamente a instalação nuclear contra tsunamis.
O governo japonês, diz o relatório, teria falhado em pôr em prática medidas de controle e segurança contra ameaças externas. Além disso, medidas antitsunamis mais duras adotadas pela AIEA em 2002 não teriam sido implementadas pelas autoridades japonesas, diz o documento.
AIEA diz que Japão falhou em medidas de segurança em central nuclearBildunterschrift: AIEA diz que Japão falhou em medidas de segurança em central nuclear
Reação indevida
Os padrões estabelecidos pela agência nuclear com sede em Viena não são, todavia, vinculativos para os Estados-membros. Como resultado de sua avaliação, os especialistas da AIEA em Fukushima criticaram ainda a reação do governo japonês após a catástrofe nuclear.
Após o acidente nuclear, o país deveria ter recorrido a uma convenção de ajuda, prevista pela AIEA. No caso de um acidente nuclear, a convenção regulamenta a cooperação entre a Agência e os demais países em relação a medidas de ajuda, segurança e comunicação. O Japão nunca a aplicou, critica a AIEA.
No encontro em Viena, onde será apresentada a avaliação da AIEA, ministros de cerca de 150 países discutirão questões sobre a segurança nuclear no mundo.
Cem dias de luto
Passados cem dias da catástrofe, os japoneses reverenciaram a memória das vítimas do terremoto seguido de tsunami e do acidente nuclear. Ao longo da costa japonesa, os familiares da vítimas participaram neste sábado de cerimônias budistas. Até agora, mais de 15.400 corpos foram resgatados e mais de 7.700 pessoas ainda estão desaparecidas.
Atualmente, as equipes que trabalham na central nuclear de Fukushima lutam com problemas no novo sistema de descontaminação. O sistema para purificar a água altamente contaminada parou de funcionar, neste sábado, poucas horas após ter sido acionado.
Para esfriar os núcleos, água é bombeada nos reatores desde a ocorrência da catástrofe nuclear. Até agora, mais de 100 mil toneladas de água contaminada radioativamente se acumularam nos recipientes de captação, que ameaçam transbordar nas próximas semanas em Fukushima
(Deutsche Welle, 20/06/2011)