O desmatamento na caatinga atingiu 1.921 km2 entre 2008 e 2009, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente. Número representa queda em relação ao levantamento anterior, entre 2002 a 2008 e mostrou perda anual de 2.300 km2. A queda foi considerada insuficiente pelo governo.
Atualmente, a área total desmatada da caatinga chega a quase 46% em relação à vegetação original. Mais de 376 mil km2 foram destruídos, o que equivale à área superior à de todo o Estado do Goiás.
Em relação à área total, o desmatamento entre 2008 e 2009 equivale a uma perda de 0,23% ao ano na vegetação da caatinga, cuja área original era de 826.411 km2. Na pesquisa anterior, a taxa ficou em 0,28%.
De acordo com a pesquisa divulgada nesta sexta-feira, os Estados que mais desmataram foram Bahia (638 km2), Ceará (440 km2) e Piauí (408 km2).
Embora o ministério não tenha divulgado as metas desejáveis para a preservação do bioma, admite que o objetivo é reduzir ainda mais o ritmo de desmatamento, pois o resultado entre 2008 e 2009 foi considerado "insatisfatório".
De acordo José Arthur Seyffarth, coordenador do núcleo do bioma da caatinga do Ministério do Meio Ambiente, a principal consequência do desmatamento da caatinga é a desertificação, fenômeno de degradação em áreas secas que causa empobrecimento do solo e escassez de recursos hídricos. "Grande parte do cultivo feito no Nordeste é nas margens dos rios, o que leva à falta de água e a futuros problemas de plantio. É um ciclo vicioso", diz o especialista.
Outro problema em relação ao desmatamento é a perda da vegetação original. "A biodiversidade da caatinga ainda não é totalmente conhecida. Haverá perda de potencial biológico, caso os biomas sejam destruídos", afirma Seyffarth.
A principal causa da destruição da vegetação nordestina é o desmatamento para o uso de madeira irregular. "33% da matriz energética do Nordeste, do Norte e da região norte de Minas Gerais vem da queima de madeira da caatinga", diz o coordenador.
O governo pretende reduzir os prejuízos por meio do aumento da área protegida e da adoção de políticas de manejo sustentável. Unidades de conservação serão instaladas na região e as populações tradicionais serão incentivadas a conviver com a caatinga de forma mais sustentável.
A ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) disse que enviou hoje à Casa Civil uma proposta de decreto para criação da Comissão Nacional para a Caatinga, que terá a função de criar diretrizes e organizar as iniciativas do governo no sentido de preservar e incentivar o manejo sustentável da caatinga. "Esse projeto será incluído no plano plurianual (PPA) de 2012", diz ela.
(Folha.com, 20/06/2011)