O governo peruano anunciou, ontem (13), após reunião com dirigentes e representantes da província de Carabaya, o cancelamento do projeto hidrelétrico de Inambari, no sul do Peru. A extinção do projeto deve ser publicada hoje (14) no Diário Oficial El Peruano. O projeto foi alvo de rechaços e manifestações de indígenas e organizações sociais da região de Puno.
O anúncio do cancelamento da concessão temporária do projeto Inambari para a Empresa de Geração Elétrica Amazonas Sul S.A.C (Egasur, por sua sigla em espanhol) foi divulgado na tarde de ontem por Luis Gonzales Talledo, vice-ministro de Energia. De acordo com ele, "não existe nenhum procedimento pendente de avaliação do projeto Inambari” no Ministério de Energia e Minas (MEM).
Além disso, revelou que as concessões só acontecerão com o aval da população nas consultas prévias. "Não se dará nenhuma concessão temporal nem definitiva enquanto não exista a Consulta Prévia de acordo com o convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Nenhuma concessão será aprovada sem que o Convênio 169 ofereça a garantia e que a consulta prévia seja aceita pela população”, declarou.
Mauricio Rodríguez, presidente regional de Puno, por sua vez, afirmou que os moradores de Carabaya concordaram com a resolução e destacou que o projeto hidrelétrico afetaria não só a segurança e a vida na região, mas também interferiria na estrada Interoceânica. "A Interoceânica passa por onde querem construir a hidroelétrica, 100 quilômetros da Interoceânica ficariam debaixo de água, ali tem terras cultiváveis, biodiversidade, 10.000 habitantes”, disse à RPP.
O cancelamento de Inambari não significou o fim das mobilizações e reivindicações dos moradores da região. Alguns moradores de Carabaya recordaram que ainda existem demandas pendentes, como a descontaminação do rio Ramis e a proibição das concessões mineiras. Alfredo Tutacano, presidente do Comitê de Luta do distrito de Ayapata, por exemplo, lembrou que o distrito de Corani tem quase 90% de seu território concedido para mineração.
A extinção do projeto hidrelétrico Inambari foi divulgada pelo Ministério de Energia e Minas no final da tarde de ontem após uma reunião com autoridades e representantes de Carabaya na cidade de Juliaca, província de San Román, região de Puno. Notícias dão conta de que cerca de seis mil manifestantes foram para a cidade esperar o anúncio da resolução.
As mobilizações contra o projeto hidrelétrico e concessões mineiras ocorrem há mais de um ano na região. No último dia 7, após uma pausa por conta do segundo turno das eleições presidenciais peruanas, indígenas, camponeses e organizações sociais retomaram as manifestações e greves contra a construção da hidrelétrica e as concessões mineiras e petrolíferas.
(Por Karol Assunção, Adital, 14/06/2011)