A manutenção da cobertura florestal em bacias hidrográficas contribui para a redução dos custos de tratamento da água para abastecimento público, constada o estudo “Contribuição das Unidades de Conservação para a Economia Nacional”.
As três áreas do estado de São Paulo, incluídas no levantamento, cujos custos com produtos químicos são mais baixos, inferiores a R$ 20,00/1000³ de água tratada (rio Cotia, Sistema Cantareira e Analândia), são as que possuem maiores índices de cobertura florestal, superiores a 15%.
Por outro lado, o custo do tratamento das águas (com produtos químicos e energia elétrica da Estação de Tratamento de Água para 1.000³ de água) do rio Piracicaba é 12,7 vezes superior ao custo de tratamento das águas do Sistema Cantareira. A bacia de abastecimento do Sistema Cantareira mantém 27,2% de sua área com cobertura florestal e a bacia do Piracicaba, apenas 4,3%.
O estudo revela que cerca de 34,7% do volume anual não sazonal de captação de água são provenientes de fontes de captação localizadas dentro ou a jusante (rio abaixo) de unidades de conservação federais.
Recentemente, a Agência Nacional de Águas divulgou nota técnica sobre o Código Florestal que atesta outros benefícios da manutenção da cobertura vegetal nas bacias hidrográficas.
Coordenado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o objetivo do estudo, lançado no dia 7 de junho, foi demonstrar o potencial econômico das unidades de conservação.
Sob a coordenação técnica do economista Carlos Eduardo Frickmann Young, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e do biólogo Rodrigo Medeiros, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o trabalho revela que, se exploradas adequadamente, as 310 unidades federais de conservação do País que cobrem cerca de 15% do território, podem gerar pelo menos R$ 5 bilhões em produtos e serviços florestais e renda para as comunidades locais, valor que ultrapassa os recursos destinados para a manutenção dessas áreas.
O cálculo considera o potencial econômico de uma seleção produtos florestais, de turismo, estoque de carbono conservado, água e a repartição de receitas tributárias proporcionadas pelas unidades de conservação.
“Tradicionalmente os custos com conservação são vistos como gastos e não como oportunidades. Muitos setores assumem que a contribuição dos investimentos em conservação tem impacto zero na economia, e isso nos derrota em discussões como a do Código Florestal”, disse o secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias
Com relação ao potencial hídrico, o estudo revela que dos 1.164 empreendimentos de geração de energia hidrelétrica, incluindo outorgados e em construção, com informações disponíveis, 447, ou 38,4%, estão localizadas a jusante de unidades de conservação federais. Além disso, dos 120,6 GW (gigawatts) provenientes de fontes hidrelétricas em operação, construção e outorgadas, 96,9 GW, ou 80,3%, são gerados por fontes hidrelétricas situadas a jusante de unidades de conservação federais, recebendo contribuição destas através do rio principal ou de seus tributários.
As unidades de conservação federais contribuem ainda para a proteção de cerca de 4% da água utilizada para a agricultura e irrigação. Do volume total não sazonal de captação água, cerca de 12 bilhões de m³, aproximadamente 463 milhões m³ são captados dentro ou a jusante de unidade de conservação.
De acordo com Young, para avaliar a contribuição das unidades de conservação na produção e conservação dos recursos hídricos, foram analisados três importantes usos: geração de energia, abastecimento humano e irrigação. Faltam, porém, dados disponíveis para aprofundar os estudos com relação a água.
O estudo está disponível no site do Ministério do Meio Ambiente.
(Agência Nacional de Água, EcoDebate, 14/06/2011)