As cobranças do mercado externo reforçam os cuidados das empresas brasileiras que plantam madeira para a fabricação de celulose. A preocupação com o meio ambiente é uma das principais exigências feitas durante as negociações com outros países.
Segundo o Ministério da Agricultura, existem seis milhões de hectares plantados com eucaliptos no Brasil. A estimativa é de que em 2020, a área ocupada por esta cultura atinja os nove milhões. São 300 mil hectares a mais por ano.
A empresa Celulose Riograndense planta 165 mil hectares de eucaliptos no Rio Grande do Sul. O presidente Walter Lídio explica que para cada dois metros quadrados plantados, pelo menos a metade é preservada.
– Nessas áreas de preservação inclui-se a proteção às nascentes, às margens de riachos e também áreas que são consideradas reservas legais. Com isso, nós temos entremeado a nossa base plantada, em torno de 80 mil hectares de área de preservação, o que nos coloca no Rio Grande do Sul como um dos maiores proprietários de áreas de preservação inseridos no seu negócio, no seu agronegócio – conta.
Para manter o comércio de celulose com países europeus, a empresa é obrigada a impedir o desmatamento, a exploração irregular de áreas e ainda a reaproveitar os resíduos.
– Nós reciclamos 99,7 de todo o resíduo sólido produzido. Isso significa que nós transformamos esse algo que seria posto em algum lugar no meio ambiente em algo que é utilizado de novo pela sociedade, seja como adubo, seja como material de construção, seja como corretivo de solo. Tem inúmeras aplicações no tratamento do resíduo sólido – explica Lídio.
A economista Maria Fernanda Santin fez uma pesquisa com as cinco maiores empresas de celulose do país. O estudo mostrou que a maior motivação para políticas ambientais são os fatores econômicos e comprovou que isso acontece principalmente com quem trabalha para o mercado externo.
– As empresas internacionalizadas se comportam de forma mais adequada, investem mais em pesquisa, tentam implementar programas de metas e de redução tanto de emissão de poluentes quanto de melhor utilização dos recursos hídricos – ressalta a mestre em desenvolvimento econômico.
O trabalho também apontou para uma evolução do movimento empresarial em favor da sustentabilidade.
– No Brasil, nós temos muitas terras disponíveis pra esta atividade, o clima é muito propício, mão-de-obra abundante, existem muitas pesquisas de desenvolvimento de novas tecnologias. Isso tudo faz da atividade florestal no Brasil, uma atividade bastante rentável. O Brasil tem uma vocação florestal. Então, o que se tem que fazer é tirar proveito de forma consciente desta vocação – conclui Maria Fernanda.
(Mídia News, 12/06/2011)