Mesmo contando com ricos recursos naturais que possibilitam a diversificação de sua matriz energética, o Brasil precisará ampliar seus investimentos em energia nuclear no futuro, avalia o economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto.
Durante palestra sobre as perspectivas para a economia brasileira realizada hoje, em São Paulo, ele afirmou que, no curto prazo, o país não precisará desse recurso, mas num horizonte mais longo, as centrais atômicas deverão ser necessárias para suprir o aumento de demanda por energia.
"Energia é essencial para o processo de crescimento do país", enfatizou. "O Brasil vai terminar Angra 3 e as outras quatro usinas que estão programadas provavelmente serão postas daqui 20 anos", complementou.
O acidente na usina nuclear de Fukushima, no Japão, que levou países como a Alemanha a rever seus projetos energéticos, na avaliação de Delfim Netto, foi uma fatalidade que não deve ser atribuída ao processo atômico.
"Foi um problema do movimento da terra. Honestamente, não vejo num futuro de 20 ou 25 anos algo que substitua a energia nuclear. Vai ficar muito mais caro porque vai aumentar o nível de segurança", afirmou.
Uma alternativa, segundo o economista, seria acontecer uma revolução tecnológica que permitisse a geração de energia por meio de outras fontes, além das existentes atualmente.
(Por Francine De Lorenzo, Valor Econômico, 09/06/2011)