As emissões de dióxido de carbono da China subiram 10,4 por cento em 2010 em comparação com o ano anterior, enquanto as emissões globais tiveram o aumento mais acelerado em mais de quatro décadas, indicaram dados divulgados pela petrolífera britânica BP nesta quarta-feira.
“Todas as formas de energia tiveram crescimento forte (no ano passado), e o crescimento nos combustíveis fósseis sugere que as emissões globais de CO2 do consumo de energia tenham tido o crescimento mais acelerado desde 1969″, disse a BP em sua a Revisão Estatística da Energia Mundial, divulgada anualmente pela companhia. Reportagem de Nina Chestney, da Reuters.
O aumento rápido acontece no momento em que discussões da ONU parecem ter pouca probabilidade de levar a um acordo sobre um pacto legalmente compulsório para frear emissões e combater as mudanças climáticas antes do término da vigência do Protocolo de Kyoto, em 2012.
As emissões globais de dióxido de carbono são vistas como um dos principais responsáveis pela elevação das temperaturas mundiais.
As emissões aumentaram 5,8 por cento no ano passado, para 33,16 bilhões de toneladas, na medida em que os países saíram da recessão econômica, disse a BP. As emissões da China foram de 8,33 bilhões de toneladas.
A Agência Internacional de Energia (AIE) estimou no mês passado que as emissões globais de CO2 subiram 5,9 por cento em 2010, para 30,6 bilhões de toneladas, movidas principalmente pelas economias emergentes dependentes do carvão.
Dados da BP mostraram que a China foi responsável por um quarto das emissões mundiais. Os EUA foram o segundo maior emissor, com aumento de 4,1 por cento de suas emissões, para 6,14 bilhões de toneladas.
As emissões chinesas vêm crescendo muito nos últimos dez anos, na medida em que o país construiu muitas novas usinas de carvão para mover seu crescimento econômico.
O país tornou-se o maior consumidor mundial de energia, ultrapassando os EUA e crescendo 11,2 por cento, enquanto o crescimento global foi de 5,6 por cento.
CARVÃO E RENOVÁVEIS
O consumo global de carvão aumentou 7,6 por cento no ano passado, o aumento mais rápido desde 2003, na medida em que as indústrias começaram a recuperar-se da recessão econômica global.
Hoje o carvão responde por 29,6 por cento do consumo energético global. Dez anos atrás, esse número era de 25,6 por cento, segundo a BP.
O consumo de carvão da China aumentou 10,1 por cento no passado. O país consumiu 48,2 por cento do carvão mundial, contra 47 por cento em 2009.
Enquanto isso, a produção global de carvão subiu 6,3 por cento — 9 por cento na China, que foi responsável por dois terços do crescimento global.
Em termos de energia mais limpa, a produção de energia hidrelétrica e de energia nuclear teve seu aumento mais forte desde 2004.
A produção hidrelétrica subiu 5,3 por cento, com a China sendo responsável por mais de 60 por cento do aumento global da produção, graças a sua nova capacidade que entrou em produção e ao clima úmido.
Mundialmente, a produção de energia nuclear cresceu 2 por cento em 2010, e países da OCDE foram responsáveis por três quartos desse crescimento.
A produção nuclear francesa subiu 4,4 por cento, o maior aumento no mundo. Outras fontes de energia renovável também cresceram. A produção mundial de biocombustíveis subiu 13,8 por cento, para 24 mil barris por dia.
A maior parte desse crescimento foi dos EUA e do Brasil — respectivamente 17 por cento e 11,5 por cento.
A produção de energia eólica teve um aumento robusto de 22,7 por cento. “O aumento na energia eólica foi movido pela China e os EUA, que, juntos, responderam por quase 70 por cento do crescimento global”, disse o relatório.
“Essas formas de energia renovável foram responsáveis por 1,8 por cento do consumo energético global, contra 0,6 por cento em 2000.”
(Reuters, Estadao.com.br, EcoDebate, 09/06/2011)