A ideia de que um único fator estaria na origem do aumento da mortalidade de colônias de abelhas foi descartada, nesta segunda-feira, 6 de junho, após uma reunião organizada pela Rede Biodiversidade para as Abelhas e a ONU. A mortalidade das abelhas continua amplamente inexplicada, lembraram os especialistas e que seria melhor se concentrar na abordagem multifatorial para a compreensão do fenômeno. “O problema é complexo: há uma interação entre diferentes fatores, o que agrava o conjunto do fenômeno”, resumiu Dennis Van Engelsdorp, pesquisador da Universidade da Pensilvânia e coordenador dos grupos de trabalho que estudam o fenômeno nos Estados Unidos.
“Nós identificamos 64 variáveis diferentes, que vão desde pesticidas até a modificação genética passando pelos agentes químicos, mas não conseguimos encontrar ‘a’ solução”, reconheceu Van Engelsdorp. “Na França, acreditava-se ter descoberto uma síndrome com a chegada ao mercado do inseticida Gaucho [Bayer] e outros pesticidas do gênero, mas dez anos depois ainda estamos enfrentando o mesmo problema”, observou Philippe Lecompte, presidente da Rede Biodiversidade para as Abelhas.
Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), de março passado, havia identificado uma dúzia de fatores que poderiam causar a mortalidade das abelhas, sobretudo nos países industrializados do Norte. Nos Estados Unidos, por exemplo, a situação é “dramática para os apicultores comerciais, que acusam uma perda de cerca de 33% das colônias”, assegura Dennis Van Engelsdorp. Os estudos realizados por pesquisadores da Pensilvânia registraram “um elevado nível de fungicida no pólen com um efeito nefasto determinante para a produção de mel”.
A partir de 2009, um congresso que reúne 500 cientistas especialistas em abelhas e 10.000 participantes chegou à conclusão de que o “matador” patenteado da abelha - vírus, parasita ou pesticida – não existia, fazendo emergir a teoria dos múltiplos fatores que agiriam isoladamente, mas também combinariam suas forças.
(Le Monde, IHU-Unisinos, 08/06/2011)