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rio dos sinos qualidade da água
2011-06-08 | Tatianaf

Conforme balanço feito pelo Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos) com base em dados da Central de Monitoramento, a qualidade da água do rio em São Leopoldo pode ter melhorado em alguns pontos. O registro foi feito em maio e levou em consideração a oxigenação, a cor da água e a turbidez (dificuldade de um feixe de luz atravessar a água). Os valores divulgados pelo Pró-Sinos atestam que, nesses parâmetros, a qualidade da água do Sinos está entre as classes I e II da classificação da Agência Nacional de Águas (ANA), as melhores do espectro que vai até IV. No trecho de São Leopoldo, o rio é considerado de classe IV, o que significa que ele deve ser utilizado apenas para navegação e “harmonia paisagística”.

Conforme o assessor técnico do consórcio, Maurício Prass, apesar desses três indicadores estarem com uma boa qualidade, isso não significa que o rio esteja livre da poluição. Em nota, a assessoria de comunicação da ANA informou que “os parâmetros cor, turbidez e oxigenação são relevantes no acompanhamento da efetividade das ações de despoluição de rios, principalmente no caso do Vale dos Sinos, onde existe grande atividade e quantidade de curtumes.”

Por que melhorou?
Para o diretor executivo do consórcio Pró-Sinos, Julio Dornelles, a melhora nos índices deve-se a um conjunto de fatores. “Temos de levar em consideração o clima, já que durante esse período choveu dentro da média, assim como o trabalho da Central de Monitoramento, que inibe a ação das indústrias que descartam materiais poluentes, e as ações de fiscalização do Ministério Público, da Delegacia Policial Ambiental, da Fepam e de outros órgãos. Além disso, a ampliação de serviços de saneamento básico, como a Estação de Tratamento da Feitoria e os tratamento de efluentes por parte dos curtumes, também ajudaram nesta melhora da qualidade”, explica Dornelles.

Para Juliana Chaves, coordenadora de operação do Serviço Municipal de Água e Esgotos de São Leopoldo (Semae), é possível que só agora o rio esteja mostrando uma melhora. “As melhorias normalmente aparecem no mínimo três meses após o início das operações do tratamento de esgoto e são gradativas, já que o Sinos recebe também outros tipos de efluentes.”

Indicadores positivos
Segundo Giovane Martinello, assessor técnico do Pró-Sinos, a água com uma boa oxigenação deve ter 5 miligramas de oxigênio dissolvidos por litro de água e, de acordo com a média de maio informada pelo consórcio, dectada no trabalho das sondas do Semae e do Instituto Martim Pescador, o Rio dos Sinos estaria com média de 7,6 mg/L. A turbidez também estaria dentro do padrão, que seria abaixo de 40 uT (unidade de medida de turbidez) e em maio ficou a 13,9 uT. A cor, porém, está no nível considerado médio, de 88 uC (unidade de medida de cor), já que o ideal seria abaixo do 75 uC.

A classificação do Sinos
Segundo Julio Dornelles, a notícia da melhora da água foi animadora, já que até então o trecho próximo a São Leopoldo estava enquadrado na classe IV (a pior), mesma classificação do Rio Gravataí. Dentro da classe III está o trecho de Taquara onde, conforme Dornelles, existe uma presença forte das indústrias calçadistas. Na classe II está o trecho do Paranhana e na classe I está a nascente do rio.

Novas sondas previstas
Por enquanto, a Central de Monitoramento está trabalhando com uma sonda móvel do Instituto Martim Pescador e com a fiscalização de Semae, Comusa e Corsan. Em julho, a Feevale deve instalar mais duas sondas e até agosto, outras duas do próprio Pró-Sinos serão colocadas. De acordo com Maurício Prass, assessor técnico do Pró-Sinos, a intenção é criar e colocar em prática o Sistema de Gerenciamento Integrado da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, que inclui a colocação de sondas em 50 pontos, além de ter equipes de fiscalização disponíveis. “Estamos buscando recursos no Ministério Público, no Estado e na ANA, já que o investimento para isso é de um pouco mais de R$ 5 milhões. Com esse recurso, poderemos verificar de imediato qualquer descarte indevido de efluentes no rio e ir rapidamente ao local fiscalizar.”

AS PREFEITURAS ESTÃO DE OLHO
Campo Bom - Desde dezembro de 2010 o monitoramento do Rio dos Sinos na cidade é diário. Segundo a secretária de Meio Ambiente Gisela Maria de Souza, o importante é que ações têm repercutido junto aos empreendimentos e aos órgãos públicos. “Aumentou a atenção ao rio, o que reduziu a carga poluidora”, diz. Gisela lembra que a bacia não tem limite e que Campo Bom recebe água de Sapiranga e Novo Hamburgo de Campo Bom, e assim, sucessivamente. Além disso, periodicamente empresas potencialmente poluidoras são vistoriadas por meio da fiscalização do município.

Dois Irmãos - Geograficamente, apenas 4% da água do município faz parte da bacia do Rio dos Sinos. Conforme a chefe do Departamento de Meio Ambiente, Hariet Arandt, é desenvolvido um programa de educação ambiental permanente em Dois Irmãos, com a participação de 22 servidoras da educação. “Mas o nosso carro chefe é a separação do lixo, que quando descartado corretamente, não vai para o rio”, comenta.

Estância Velha - O município desenvolve desde 2002 programa de monitoramento diário do Arroio Estância Velha. São feitos exames laboratoriais por meio de uma parceria entre o Senai e a Feevale. Conforme o secretário de Meio Ambiente e Preservação Ecológica Claudenir Ferreira Santos, há tempos já é observada uma melhoria considerável nos recursos hídricos do município. Com o projeto Diagnóstico da Qualidade Ambiental, foram constatadas melhoras no parâmetro de toxicidade. “Inclusive, no final do arroio, a água não demonstrou nenhum tipo de toxicidade, tanto para peixes, algas e crustáceos”, informa. O arroio é monitorado em 35 pontos e, caso a equipe observe alguma alteração, imediatamente se dirige ao grupo de empreendimentos com potencial para causar o impacto. “Para nós de Estância Velha isso não é novo. O monitoramento é uma ferramenta de gestão que serve de base para os estudos do Consórcio Pró-Sinos”, diz Santos.

Ivoti - Na cidade, apenas 1% da bacia hidrográfica é do Rio dos Sinos. No entanto, a prefeita Maria de Lourdes Bauermann salienta que o forte monitoramento feito junto às indústrias localizadas na entrada da cidade é uma ação importante para prevenir danos ao meio ambiente. “Pedimos melhorias no sistema de lançamento dos detritos, o que foi feito. Além disso, cuidamos da manutenção de mata ciliar nos arroios, repondo árvores e evitando o desmatamento”, comenta. Em Ivoti, devido à coleta seletiva do lixo, não existem aterros sanitários que possam contaminar o solo e os arroios.

Novo Hamburgo - Para o prefeito Tarcísio Zimmermann, tão importante quanto o resultado são as obras que estão sendo realizadas em praticamente todos os municípios da bacia. “Há uma grande conscientização para a necessidade de cuidar do rio. Esse é o resultado mais importante depois de anos com alertas e crises”, ressalta. No Município, Tarcísio destaca o trabalho de educação ambiental realizado junto aos estudantes e os investimentos em tratamento de esgoto, com previsão de conclusão das obras da bacia do Arroio Luiz Rau em 2013.

Sapiranga - O prefeito Nelson Spolaor destaca que a cidade atua com três frentes de trabalho para melhorar a qualidade da água do Rio dos Sinos. A primeira é a fiscalização ambiental, com atividades semanais. A segunda é o trabalho de educação ambitental junto à comunidade escolar. Spolaor destaca o programa De Olho no Óleo, ação que recolhe óleo de cozinha por meio de bombonas distribuídas em todas as escolas. A terceira frente são as obras de tratamento de esgoto, previstas para serem concluídas até fim de 2012. “A meta é tratar entre 65% e 70% do esgoto”, finaliza.

(Jornal VS, 07/06/2011)


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