Neste domingo (5), comemora-se o Dia Internacional do Meio Ambiente. Instituída pelas Nações Unidas, mais do que comemorar, a data tem como objetivo estimular o debate mundial sobre a questão ambiental e incentivar ações públicas. Instalação de mineradoras em áreas de proteção, desmatamento, poluição de recursos hídricos, são desafios postos para diversos países da América Latina e que ameaçam a vida no planeta.
Na Argentina, uma das lutas encampadas pelo movimento ambientalista é a proteção das áreas glaciares, que vem sendo ameaçada pela exploração de mineradoras. Apesar da aprovação da Lei de Glaciares, no ano passado, a lei está sofrendo contestações judiciais, o que dificulta a sua implementação. A Lei não pode ser aplicada na cidade de San Juan, por exemplo. A empresa mineradora canadense Barrick Gold é a autora das contestações.
De acordo com Hernán Giardini, ativista do Greenpeace Argentina, não há vontade política para acelerar o processo que viabilize a efetiva aplicação da Lei. Ele aponta, como ações urgentes, a realização do inventário nacional de glaciares e de auditorias ambientais nas empresas mineiras.
No mês de maio, organizações ambientais solicitaram à Corte Suprema da Nação na Argentina a interrupção das atividades do projeto Pascua-Lama, da Barrick Gold. O projeto em Pascua-Lama é binacional, Chile e Argentina, e consiste na abertura de uma mina de ouro nos glaciares dos dois países.
Formação de escombros nas montanhas, poluição de recursos hídricos fundamentais, utilização de produtos químicos na separação dos metais estão entre as principais ameaças elencadas pelo ativista. "São regiões secas e os recursos hídricos estão ameaçados pela presença das mineradoras”, ressalta Hernán. Ele lembra que a atividade de mineração utiliza cerca de 370 litros por segundo de água.
Nesse sentido, além dos ambientalistas, a atividade também sofre resistência por parte dos pequenos agricultores e vinícolas, que receiam a poluição dos recursos hídricos, essenciais para a produção. Outra preocupação destacada por Hernán Giardini é a ameaça de abalos sísmicos, tendo em vista que são muitas explosões em busca de "algumas gramas de ouro”.
Problema similar ao que se vive na Argentina também é vivido em países como Chile e Peru. Na região peruana de Puno, por exemplo, um grande movimento de camponeses e indígenas interrompeu, por pelo menos por um ano, a aprovação do estudo de impacto ambiental da mineradora Santa Ana. O ativista do Greenpeace lembra que grande parte das empresas de exploração de minério é estrangeira, sendo a maioria canadense.
Para pressionar o governo argentino, o Greenpeace está juntando assinaturas em meio eletrônico, o qual já reúne mais de 200 mil apoios. "É preciso que esse processo de destruição seja detido imediatamente. A Lei de Glaciares deve começar a ser executada sem mais demoras”, diz o texto de convocação no site.
Hérnan reforça outros temas trabalhados pela organização que também são essenciais para salvaguardar o planeta, como reflorestamento da Amazônia, proteção dos recursos hídricos, mudanças climáticas. No marco do Dia do Meio Ambiente, ele também reforça algumas ações cotidianas que podem fazer a diferença: trocar as lâmpadas incandescentes pelas de baixo consumo; utilizar transportes sustentáveis e coletivos, como bicicleta e ônibus; e usar somente produtos com certificação de responsabilidade ambiental.
Além dessas ações, o ambientalista sugere que seja exigido dos candidatos, nas eleições de cada país, um plano de desenvolvimento ambiental. Ele também convoca a todos a engajarem-se nas campanhas que propõem um mundo sustentável para as atuais e futuras gerações.
Para mais informações ou para assinar o manifesto: http://www.greenpeace.org.ar
(Por Camila Maciel, Adital, 05/06/2011)