O cenário urbano deve mudar a partir de janeiro de 2012, quando os supermercados e outros estabelecimentos de São Paulo estarão proibidos de distribuir gratuitamente sacolas plásticas.
Sai esse tipo de embalagem, introduzida no Brasil nos anos 1970, entram os carrinhos de feira, o desfile de coloridas sacolas de lona e produtos em grandes caixas de papelão, que poderão significar um desembolso extra para os clientes.
Uma lei municipal, sancionada pelo prefeito Gilberto Kassab em maio deste ano, pretende acabar com o impacto das embalagens feitas de derivados de petróleo, que levam 200 a 400 anos (veja quadro) para se decompor e podem entupir bueiros.
"Proibir apenas não resolve, é preciso haver ações combinadas, envolvendo educação ambiental, comunicação, ampliação da coleta seletiva, por exemplo" diz Adriana Charux, pesquisadora do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor).
Também um acordo firmado entre o governo do Estado de SP e a Associação Paulista de Supermercados (Apas) determina que até o final do ano não se distribuam mais sacolas plásticas gratuitamente nos supermercados.
Ficou estabelecido que as lojas deverão oferecer ao cliente a opção de comprar sacolas de plástico à base de amido, bem menos poluentes por levarem seis meses para se degradar. Essa sacola custa R$ 0,19 ao consumidor.
DESPESA
Mas a despesa extra pode não terminar por aí. Ter de usar o saco de lixo no lugar da sacola de supermercado também é um gasto. O consolo é que o saco de lixo é menos nocivo que a sacolinha.
"O impacto ambiental dos sacos de lixo [pretos ou azuis grossos] é menor, porque já são parcialmente produzidos com material reciclável, diz Gerardo Kuntschik, professor do curso de gestão ambiental da USP.
Segundo Kuntschik, as sacolas não são produzidas com componentes recicláveis, já que vão embalar alimentos e poderiam liberar alguma substância tóxica.
Para o professor, pagar pelas sacolas também ajuda a conter o consumo e, em alguns países, fez a reciclagem aumentar. Além disso, os sacos de lixo são projetados para não vazar, enquanto as sacolinhas podem furar --elevando o desperdício.
CAIXA DE GRAÇA
Em maio deste ano, o Grupo Pão de Açúcar eliminou as sacolinhas plásticas à base de petróleo de duas de suas lojas de São Paulo: a de Indaiatuba (90 km da capital) e a do bairro de Vila Clementino (zona sul).
Serão oferecidas em toda a rede opções já existentes nas duas unidades como caixas de papelão (gratuitas), oito modelos de ecobags (a partir de R$ 2,99), caixas plásticas dobráveis (R$ 29,90) e carrinhos de feira dobráveis (de até R$ 59,90).
(Folha.com, 05/06/2011)