O Ministério do Meio Ambiente quer o uso intensivo de novas tecnologias para reduzir as emissões da atividade agropecuária. O plano setorial, concluído esta semana, prevê a destinação de R$ 2 bilhões, até 2020, o que evitará que 32 milhões de hectares de florestas sejam derrubados para alavancar os aumentos da produção.
"Podemos ampliar em oito milhões os 23 milhões de hectares do plantio direto no Brasil", afirmou nessa quarta-feira (01/06) o secretário de Mudanças Climáticas, Eduardo Assad. Com isso, ele acredita em uma significativa redução no uso de defensivos, mais umidade no solo e mais equilíbrio ambiental. Medidas como a melhoria dos pastos devem ser adotadas para reduzir o impacto do setor agropecuário no total de emissões.
A agricultura e a pecuária juntas são responsáveis por um quarto de todas as emissões de gases de efeito estufa no Brasil. As práticas extensivas exigem grandes áreas, avançando sobre as florestas. O conjunto de soluções propostas pelo plano setorial apontam para ganhos de produtividade com redução expressiva dessa demanda. Dados do Ministério da Agricultura, entre 1960-2010 demonstram que os avanços tecnológicos no setor evitaram o desmatamento de 405 milhões de hectares de florestas nativas.
O produtor brasileiro precisa hoje de 10 hectares para abrigar quatro cabeças de gado. As melhorias propostas permitiriam a criação de um rebanho equivalente a 12 milhões de rezes, sem ampliar a área hoje utilizada pela pecuária.
Segundo Assad, somente a melhoria dos pastos implicariam na redução de 100 milhões de toneladas nas emissões de carbono (CO2) nos próximos 10 anos. A média anual da pecuária brasileira é de 400 milhões de toneladas. As ações previstas para o setor incluem a recuperação de pastos degradados, por meio do plantio de grãos que deixam resíduos que revitalizam o solo.
A integração entre lavoura, pecuária e florestas podem inibir o lançamento na atmosfera de outras 30 milhões de toneladas de CO2. As emissões de gases efeito estufa podem ser reduzidas pela utilização de técnicas de plantio direto.
Já os dejetos podem ser tratados para a produção de energia elétrica e com isso evitar que 4,3 milhões de metros cúbicos cheguem aos rios nos próximos 20 anos. Entre as estratégias para implementar o plano da agricultura também estão a ampliação das florestas plantadas em três milhões de hectares no País, por serem eficientes no sequestro de carbono.
O Plano incentivará, ainda, os processos de fixação biológica de nitrogênio, importante para a qualidade do solo, por meio de bactérias que retiram a substância do ar antes de ser absorvida pelas plantas. Depois, ela é transformada em amônia solúvel em água e nitrato melhorando a produtividade agrícola.
O documento foi formulado pelos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, coordenado pelo MMA, por determinação da Política Nacional sobre Mudança do Clima. Teve a contribuição de empresas do setor, além de instituições governamentais e não-governamentais.
Prazo - Em 2010 o Governo editou decreto dando prazo até 31 de dezembro para a conclusão de todos os planos setoriais envolvendo mudanças climáticas. Estão em fase de finalização o plano para a redução de emissões de gases de efeito estufa na siderurgia e já começaram a ser delineados os planos setoriais que se referem ao transporte (cargas e passageiros), indústria (transformação e bens de consumo duráveis), indústria química, mineração, construção civil, serviços de saúde e indústria de papel e celulose.
(MMA, 02/06/2011)