Com relação ao artigo do vereador Carlos Todeschini, publicado nesta página de Opinião do Jornal do Comércio, dia 24/5/2011, esclarecemos que, atualmente, a captação de água bruta para abastecimento dos sistemas Moinhos de Vento e São João está localizada junto ao cais Navegantes do porto de Porto Alegre, sendo responsável pelo abastecimento de 43% da população da Capital. O Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) realiza o monitoramento da água desde a década de 1970, acompanhando as condições de qualidade, bem como a influência dos formadores do lago Guaíba neste ponto de captação.
Com a transferência das operações do cais Mauá para o cais Navegantes, os riscos ambientais nas águas destinadas ao abastecimento público aumentaram, devido aos possíveis derramamentos de produtos químicos e grãos e com o transporte das cargas e descargas das embarcações. Ainda, com a expansão de Porto Alegre no sentido norte e a intensificação dos polos industriais e petroquímicos na Região Metropolitana, principalmente, no Vale dos Sinos e Gravataí, cada vez mais a captação está vulnerável a cargas poluidoras de diversas naturezas.
Nesse sentido, houve um alerta e o Dmae, proativamente, vem realizando estudos técnicos e projetos para viabilizar um novo ponto de captação para os sistemas. O monitoramento da qualidade das águas, além de outros fatores técnicos considerados adequados, aponta como região de melhor condição de abastecimento o chamado Canal Três Rios no Delta do Jacuí, distante 1.800 metros da margem da atual captação. Quanto à melhoria da qualidade das águas do rio Gravataí, que é um afluente do lago Guaíba e recebe influência de municípios que, na sua maioria, não possuem tratamento de efluentes, o Departamento está implantando o Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) Sarandi, que beneficiará inicialmente mais 3% da população de Porto Alegre. Ainda, o Programa Integrado Socioambiental (PISA), com o qual a capacidade de tratamento de esgotos na Capital será ampliada dos atuais 27% para 77%, contribuindo para a preservação das águas interiores do município e, consequentemente, do lago Guaíba. Com estas ações, a cidade terá capacidade para tratar 80% dos esgotos produzidos pelos porto-alegrenses em 2012. Face ao exposto e considerando a inexistência de um planejamento integrado para a região hidrográfica do Guaíba, que gera uma avaliação global do contexto por diversas áreas e órgãos, ausentes muitas vezes de dispositivos técnicos para tal, acreditamos que o Dmae está investindo em medidas importantes e propondo ações eficazes, visando a captar água em local de melhor qualidade distante da zona potencialmente exposta a riscos ambientais, garantindo a qualidade e o abastecimento da população da nossa cidade.
(Por Paulo Contreiras de Almeida Dourado, Superintendente de Desenvolvimento em exercício do Dmae, JC-RS, 02/06/2011)