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mobilidade urbana
2011-06-02 | Tatianaf

Utilização do transporte público sofreu queda de 30% na última década Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou na semana passada um estudo sobre a mobilidade urbana no Brasil. Apresentada pelo técnico de Planejamento e Pesquisa Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, a pesquisa tem três eixos. O primeiro é um diagnóstico da mobilidade urbana no País, onde constata a tendência do crescimento do transporte individual (automóvel), o que traz diversas consequências à vida nas metrópoles, como congestionamentos e poluição. O segundo eixo trata das políticas federais que afetam o padrão de mobilidade nos centros urbanos. E o terceiro eixo discute cenários futuros e os grandes desafios para a melhoria das condições de mobilidade urbana.

 falta de políticas públicas para transporte de massa e mobilidade urbana, aliada a passagens cada vez mais caras, provocou uma queda de cerca de 30% na utilização do transporte público no Brasil nos últimos dez anos. A constatação é do estudo A Mobilidade Urbana no Brasil, divulgado na semana passada pelo Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), no Rio de Janeiro.

O estudo mostra que o governo não apenas investiu muito pouco em mobilidade urbana nas últimas décadas, como também incentivou a utilização do transporte individual. Um dado da pesquisa mostra que 90% dos subsídios federais para o transporte de passageiros são destinados à aquisição e operação de veículos individuais (carros e motocicletas). Como consequência, o uso de automóveis nas grandes cidades cresce 9% ao ano, enquanto o de motocicletas dá saltos de 19%.
Somente em 2008, foram vendidos 2,2 milhões de carros e 1,9 milhão de motos e a previsão é que, em 2015, esses números dobrem. De acordo com o coordenador da pesquisa, Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, em alguns lugares, dependendo do trajeto que se faça, sai mais barato usar moto ou até mesmo o carro do que o ônibus, metrô ou trem. “Obviamente, esse panorama tem causado sérios problemas para as cidades, como congestionamentos, acidentes e poluição, principalmente. A renda da população está aumentando e, se não houver políticas no sentido de melhorar e incrementar o transporte público, essa situação vai se deteriorar ao ponto em que teremos cidades inviáveis.”

O documento diz ainda que, nos últimos 15 anos, as tarifas de ônibus aumentaram cerca de 60% acima da inflação. A política de combustíveis também contribuiu para o encarecimento do transporte público, pois, segundo o estudo, os ônibus movidos a diesel estão em 85% dos municípios do País e são o principal meio de transporte de massas nas grandes cidades.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço do óleo diesel subiu 50% a mais que o da gasolina nos últimos 10 anos. “Cerca de 8% do diesel consumido no Brasil vai para o transporte público. Acho que é possível subsidiar a compra de diesel para esse setor e, assim, baratear as passagens”, sugeriu o pesquisador.
A coordenadora do livro Infraestrutura Social e Urbana no Brasil, Maria da Piedade Morais, ressaltou que a solução do problema da mobilidade urbana não está apenas em investimentos no setor de transporte coletivo, mas num planejamento integrado da expansão das cidades. “As cidades estão crescendo, mas os locais de trabalho continuam nos centros. Programas (governamentais) como o Minha Casa Minha Vida têm se mostrado alheios a essa realidade, pois investem em moradias em locais distantes, muitas vezes sem equipamentos urbanos, em vez de recuperar áreas já servidas, como os próprios centros comerciais.”

Congestionamentos fazem demanda por trem crescer 150% , mas oferta do serviço é insuficiente
Os engarrafamentos nas grandes cidades estão fazendo com que trens e metrôs sejam vistos como sistemas mais atraentes de deslocamento. A pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) demonstra que a demanda por trens nos principais centros urbanos do País cresceu 150% nos últimos dez anos. No caso do metrô, o crescimento foi de 54% na década.

O número de passageiros transportados pelos trens gerenciados pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) aumentou mais de 63% desde 1999 em Belo Horizonte, Recife, Natal, João Pessoa e Maceió. O mesmo estudo mostra que os trabalhadores dessas cidades gastam, em média, duas horas para fazer o trajeto casa-trabalho-casa de ônibus ou de carro.

O problema é que os sistemas de trem e metrô estão presentes em apenas 13 regiões metropolitanas e têm se expandido em ritmo lento. A malha viária nas grandes cidades foi ampliada em 26,5% enquanto o metrô ampliou a extensão das linhas em apenas 8% nos últimos dez anos.

Com exceção de São Paulo e do Rio de Janeiro, a participação desses dois meios de transporte nas cidades onde operam é muito pequena se comparada à frequência dos ônibus, devido à menor capilaridade e à pouca quantidade de vagões colocados em operação, abaixo da capacidade necessária. A falta de alternativas de transporte público, associada ao aumento da renda do brasileiro, fez a venda de carros e motos crescer 9% ao ano na última década, aumentando os congestionamentos, a poluição e o número de acidentes de trânsito.

O coordenador da pesquisa, Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, explicou que, sem investimentos a fundo perdido e políticas públicas para melhoria da mobilidade urbana por parte do governo federal, será muito difícil atender à demanda que não para de crescer. “Existem investimentos estruturantes, como linhas de metrô e corredores de transporte urbano, que só o governo pode fazer, pois, para a iniciativa privada, ficaria inviável. Além disso, é importante desenvolver planos de transporte urbano integrados para as grandes cidades, para garantir um sistema de transporte inclusivo”, afirma o economista.

Ele acrescenta que, se não houver um investimento imediato para solucionar os problemas que afetam a mobilidade urbana, o futuro das cidades brasileiras estará comprometido. A pesquisa também chama a atenção para a ausência de um modelo regulatório para o transporte público e de instrumentos jurídicos em alguns municípios para melhor controle do sistema por parte do poder público.

Em dez anos, Brasil terá mais motos do que carros e 40 vezes mais poluição
Em dez anos, haverá mais motocicletas rodando nas vias brasileiras do que carros. É o que indica o estudo A mobilidade Urbana no Brasil, do Ipea, divulgado na semana passada. Além da queda da demanda por transporte público, a pesquisa mostra que, no mesmo período, a compra de carros cresceu em média 9%, menos da metade da velocidade de crescimento do aumento da frota de motos, de 19% anuais. Projetados os dados, a previsão é de que a partir de 2012 a aquisição de motocicletas será maior do que a de automóveis. “Em uma década seremos um País sobre duas rodas. Estamos seguindo um modelo asiático. Lá, as motos entopem as ruas. Isso é efeito de um transporte público ruim, pouco atrativo. A forma que o cidadão encontra para deixar o transporte público é ir para a motocicleta. Moto polui muito mais do que carro. Se comparar com transporte público, polui 40 vezes mais”, afirma Carlos Henrique Ribeiro de Carvalho, coordenador do trabalho.

Carvalho alerta ainda para o fato de a moto provocar muito mais mortes no trânsito do que o carro. Em 1997, houve 12,5 mil mortes de pedestres, 973 de motociclistas e 3,9 mil de pessoas em carros. Em 2007, depois que 7,6 milhões de motos entraram no trânsito, o número de mortes de motociclistas passou para 8.118, o de pedestres caiu para 9.657 e o de pessoas circulando em carros subiu para 8.273.

O pesquisador do Ipea cita o exemplo do Rio de Janeiro para mostrar a transformação das viagens urbanas que ocorreu no País. Em 1950, os bondes respondiam pela maioria dos deslocamentos (649 milhões de viagens por ano), seguidos de ônibus (216 milhões), trens (208 milhões) e carros (20 mil). Em 2005, os automóveis fizeram 1,6 bilhão de deslocamentos urbanos e os ônibus, 1,5 bilhão. Trens e metrôs responderam por 259 milhões de viagens.

Segundo Carvalho, esse fenômeno se explica, em parte, pelo crédito farto e longos prazos oferecidos para o financiamento de carros e motocicletas - no caso de motos, o valor da prestação se aproxima do gasto mensal com a tarifa de transporte público. O alto custo das passagens do transporte coletivo também influenciou a mudança do comportamento - desde 1995, as tarifas dos ônibus urbanos aumentaram cerca de 60% acima da inflação medida pelo INPC.

O crescimento do transporte individual tem forte impacto no trânsito. Em 1992, o tempo médio de deslocamento casa-trabalho do brasileiro era de 37,9 minutos. Em 2008, subiu para 40,3 minutos. E 19% das pessoas perdem mais de duas horas diárias nesse trajeto. “Se não houver políticas de melhoria no transporte público, como políticas efetivas para baratear tarifas do transporte público e investimentos em infraestrutura, a situação só vai se deteriorar, com aumento de acidentes, de congestionamento e da poluição”, afirma Carvalho.

Para evitar essa situação de caos, o pesquisador defende a necessidade de investimentos federais para melhorar a mobilidade urbana, com a construção de corredores viários e a extensão das linhas de metrô. Desde a Constituição de 1988, o transporte público é de responsabilidade dos municípios. Carvalho cita como exemplo recente de investimento federal os projetos de transporte para as cidades que serão sede da mundial de futebol - o chamado PAC da Copa do Mundo. “Em linhas gerais, são projetos estruturantes. Mas alguns são voltados para o evento, como o VLT (veículo leve sobre trilhos) que liga o aeroporto Juscelino Kubitschek com o setor hoteleiro de Brasília. Gasta-se muito recurso com um projeto que só terá efeito durante a Copa. É preciso ter visão mais ampla para resolver o problema como um todo”, afirma.

(Por Ana paula Aprato, JC-RS, 02/06/2011)


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