Cerca de 70 mil toneladas de um tipo de óleo altamente tóxico, que ameaça o meio ambiente e a saúde humana, estão espalhadas pelo País. Tratam-se das bifelinas policloradas (PCBs), substâncias que contaminam inclusive o leite materno. Elas serão totalmente banidas do Brasil, por compromisso internacional assumido na Convenção de Estocolmo. Mas, antes, é preciso saber onde estão, e o que fazer.
"O comércio, importação e produção das PCBs foram proibidos em 1981, mas o seu uso não", relata Zilda Veloso, gerente de Resíduos Perigosos, do Ministério do Meio Ambiente. "Sabemos que encontram-se principalmente em transformadores e em equipamentos de trens elétricos, mas há usos múltiplos, e nossa tarefa agora é fazer um inventário que vai orientar ações para sua eliminação progressiva".
Por suas propriedades termicamente estáveis e de alta resistência elétrica, as PCB se tornaram amplamente usadas como fluidos dielétricos em transformadores e capacitores, fluidos hidráulicos, retardadores de fogo e isolantes térmicos. Além disso, estão presentes em graxas, lubrificantes, tintas e pesticidas.
As bifelinas policloradas são classificadas como poluentes orgânicos persistentes (POPs), que estão entre as substâncias mais perigosas que o mundo pretende eliminar. No Brasil, foram jogadas de modo acidental ou intencional em aterros sanitários, lagos, solos.
Segundo Zilda Veloso, existem estimativas em relação à quantidade e uso das substâncias, por meio de informações do setor elétrico, mas agora o MMA vai fazer o inventário definitivo. Os dados finais serão disponibilizadas em um sítio eletrônico especial para o projeto.
Para isso, o MMA assinou um projeto de cooperação técnica com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e o Global Enviroment Facility (GEF), para a busca de gestão sustentável até o banimento total das PCB em 2025.
O comitê responsável pela direção do projeto é constituído também pelos ministérios de Minas e Energia; Desenvolvimento, Indústria e Comércio; Saúde; Ciência e Tecnológia, Ibama, Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), governos estaduais, organizações não-governamentais e setor industrial.
Riscos - Pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 2009, constatou a presença de bifelinas policloradas em 58% de amostras de leite materno coletadas na capital paulista.
A maior parte de mães eram moradoras de áreas próximas a indústrias ou rios poluídos, o que levou à conclusão de que os PCBs chegam facilmente ao meio ambiente e em seguida aos seres humanos.
A pesquisa da Unicamp concluiu que antes mesmo do nascimento, os filhos dessas mães estavam expostos aos contaminantes, por meio da placenta. Entre as consequências possíveis desse tipo de contaminação estão formação anormal do crânio, baixo peso e anemia.
(MMA, 01/06/2011)