A agência de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) confirmou esta semana que a substância química bisfenol A (BPA) está presente em revestimentos internos de latas. A informação não é nenhuma surpresa, mas o reconhecimento por parte de um órgão oficial do governo representa um avanço no combate ao químico no país. O bisfenol A é usado na fabricação do plástico e no revestimento interno de latas de bebidas e de alimentos. Segundo pesquisas, pode provocar puberdade precoce, câncer, alterações no sistema reprodutivo e no desenvolvimento hormonal, infertilidade, aborto e obesidade. Por conta disso, já foi banido no Canadá, na Costa Rica e em toda a União Europeia. Nos Estados Unidos, vários estados e cidades já proíbem o uso do químico em produtos infantis.
No relatório divulgado pelo Centro para Segurança Alimentar e Nutrição aplicada do FDA, entidade correspondente à Anvisa nos Estados Unidos, os químicos Gregroy Noonan, Luke Ackerman e Timothy Begley justificaram o posicionamento tardio devido ao fato de que os estudos anteriores haviam considerado poucos tipos de produtos. “Estava claro para nós que não existiam estudos em larga escala no mercado americano e que faltavam dados em relação a produtos enlatados como, chili, massas, porco e feijão”, explicaram os autores do estudo, publicado na revista científica Journal of Agricultural and Food Chemistry.
Das 78 latas testadas na pesquisa, 71 continham bisfenol, ou seja, 90% das latas. Também foram analisadas vagem e ervilhas vendidas congeladas em plástico como um tipo de controle. Como esperado, nenhum dos vegetais congelados continha BPA. Além disso, os resultados mostraram que a concentração de BPA tende a ser 10 vezes maior nos próprios alimentos do que no líquido presente, em casos de água ou xarope, por exemplo.
Esses dados mais uma vez reforçam como é importante considerar a embalagem na qual o alimento vem acondicionado. Nas prateleiras de enlatados, algumas marcas utilizam o vidro, o qual não tem bisfenol. No entanto consumir frutas e vegetais frescos sempre é a opção mais saudável.
(O Tao do Consumo, EcoAgência, 01/06/2011)