O Ministério Público Estadual entrou com seis ações civis públicas ambientais contra o fazendeiro paranaese Vademilso Badalotti, responsável pelos maiores desmatamentos ilegais registrados recentemente em Mato Grosso. Uma reportagem do G1 percorreu os principais desmatamentos e confirmou uma grande devastação da floresta provocada pelo uso dos chamados "correntões", que consiste em usar correntes gigantes puxadas por tratores para derrubar árvores. Atualmente, seis dos dez maiores desmatamentos do estado estão em nome do fazendeiro.
De acordo com o autor das ações, promotor de Justiça Carlos Roberto Zarour César, os desmatamentos citados na ação abrangem uma área de aproximadamente três mil hectares de vegetação nativa. Além de requerer a recomposição do ambiente degradado, por meio do reflorestamento de plantas nativas e arbóreos típicos da região existente antes da ação destruidora, o MPE pleiteia medida antecipatória para obrigar o requerido a se abster de efetuar desmatamento sem aprovação prévia do órgão ambiental competente.
“Requeremos também a condenação do requerido ao pagamento de indenização por danos materiais e morais causados. Na ação ficou evidenciado o liame causal entre a conduta e o dano ambiental constatado, sendo incontestável e absolutamente necessária a sua responsabilização civil”, afirmou o promotor de Justiça.
O valor da indenização, conforme o representante do MPE, deverá ser fixado após constatação do grau de impacto da lesão e consequências para o meio ambiente regional. Além das ações civis públicas, foram instaurados sete procedimentos criminais ambientais, sendo seis Termos Circunstanciados de Ocorrências e um inquérito policial.
Áreas desmatadas
A reportagem percorrer duas das maiores áreas em Nova Ubiratã, a mais de 500 quilômetros de Cuiabá. As imagens impressionam. Logo na primeira área é possível notar parte de uma mata de transição entre o Cerrado e a Amazônia quase totalmente devastada. Na área, as árvores foram arrancadas com raiz e tudo. Outras estão muito machucadas e com as marcas dos correntões. Eles destroem até mesmo árvores maiores, com mais de uma tonelada, naturais da região amazônica.
O cenário é de caos. Um monte de árvores amontoadas uma em cima da outra. Vários buracos feitos por esteiras de tratores e pouco sinal aparente de vida animal característica deste tipo de região. Mais à frente, devastação semelhante. Árvores de mais de 40 metros mortas no chão. As duas áreas estão embargadas.
Outro lado
O advogado Jarbas Lindomar Rosa, que defende o homem apontado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como o maior desmatador de Mato Grosso, diz que vai provar que Wademilson Badalotti não atingiu áreas de preservação no norte do estado. Lindomar Rosa disse que está organizando documentos para apresentar defesa do seu cliente para os órgãos fiscalizadores. Ele afirmou que, apesar do proprietário não ter licença da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), o desmatamento teria sido feito em uma área consolidada e que são usadas para a produção agrícola.
(G1, 31/05/2011)