A resolução aprovada pelo Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) na semana passada para endurecer o controle da poluição atmosférica das motocicletas que rodam pelo país pode não atenuar o problema.
Ela nasce branda, dizem especialistas. Alguns, até, afirmaram estar "estarrecidos" com a aprovação.
A partir de 2014, quando a norma entra em vigor, os índices de poluição das motos, homologados ainda na fábrica, vão precisar ser garantidos pelos fabricantes por apenas 18 mil km --limite imposto às motos que atingem até 130 km/h de velocidade.
Nos carros, a garantia tem que existir até os 80 mil km.
A resolução "dá uma licença" para as motos poluírem, diz Carlos Bocuhy, conselheiro do Conama.
Para especialistas, o limite deveria ser maior para forçar a produção de motos com catalisadores (que "filtram" poluentes) mais eficientes.
No caso da capital paulista, onde é feita inspeção veicular anual, essa medida poderia funcionar para coibir a poluição das motos. Porém, mais da metade desses veículos não comparece à vistoria. Entre os que fazem, a reprovação é de quase 30%.
Na Grande SP, as motos, que rodam em média 150 km por dia (no caso dos motoboys), poluem, no conjunto, dez vezes mais que os carros.
Com o controle brando sobre as motos será difícil o Estado atingir padrões mais rígidos de qualidade do ar.
O Ministério do Meio Ambiente afirma que a medida vai ajudar a controlar a poluição das motos. A pasta não informou como chegou, tecnicamente, à marca de 18 mil km. O número é padrão na Europa e nos EUA, onde as motos rodam muito menos que no Brasil.
(Folha.com, 31/05/2011)