Hoje, cerca de 30% da população adulta brasileira é fumante e consome mais de 7 trilhões de cigarros ao ano. De acordo com a estimativa, os dados levam a crer que, em Piracicaba, são mais de 100 mil fumantes – sem contar os passivos. Número que faz com que o Dia Mundial contra o Tabaco, celebrado hoje, traga à tona o quão maléfico é seu uso. Para se ter dimensão do problema, algumas das doenças ligadas ao tabaco são vasoconstrição e redução do fluxo de sangue para os tecidos, aumento da pressão arterial, doenças cardiovasculares, além de triplicar o risco de morte por infarto em homens com menos de 55 anos e aumentar em dez vezes o risco de tromboembolia venosa e infarto em mulheres que tomam anticoncepcionais orais. O fumo também pode provocar doenças neurovasculares, crises de asma e laringite.
O cigarro também contém mais de 40 substâncias cancerígenas que aumentam o risco de câncer na boca, faringe, laringe e traquéia. O cigarro ainda é considerado a maior causa de morte evitável, matando mais do que a Aids, acidentes, drogas, suicídios e homicídios juntos.
De acordo com o pneumologista José Eduardo Delfini Cançado, pelo ato de fumar ser considerado uma doença crônica, o fumante deve ser tratado como um dependente de drogas. “Existe tratamento e medicamentos, tais como a reposição da nicotina, a bupropiona e vareniclina, que reduzem a vontade fumar e os sintomas de abstinência da nicotina. É importante acabarmos com o preconceito e estimularmos os fumantes a procurarem auxílio médico”, diz ele.
Outro problema que merece atenção é a questão do tabagismo passivo. O tabagismo passivo, também chamado involuntário ou ambiental, é uma importante questão de saúde pública, uma vez que, para cada tabagista ativo, existem dois tabagistas passivos. “Desta forma, calcula-se que dois terços da população mundial sofrem com a exposição tabágica. O tabagista passivo inala o correspondente a 1% do que é fumado no ambiente. Se as condições de ventilação forem precárias, como em danceterias ou pequenos domicílios, esta concentração poderá ser muito maior”, avisa.
Um dos fatos que contribuiu para que houvesse diminuição no quadro de fumantes passivos no Estado de São Paulo recentemente foi a lei antifumo, em vigor há dois anos. Nesse período, as equipes da Vigilância Sanitária de Piracicaba – responsável pela fiscalização do cumprimento da lei antifumo –, que incluem técnicos dos órgãos municipal e estadual, autuaram seis estabelecimentos. Até maio, 8.058 inspeções haviam sido feitas. A multa por descumprimento da norma é de R$ 872,50 na primeira infração. A norma proíbe o ato em ambientes fechados de uso coletivo, como restaurantes, danceterias e bares. O índice de cumprimento da lei no município é similar ao Estado, que fica próximo aos 99,8%. O tabagismo está relacionado a 30% das mortes por câncer, 90% das mortes por câncer de pulmão, 25% das mortes por doença coronariana (infarto do coração), 85% das mortes por DPOC (bronquite e enfisema) e 25% das mortes por derrames.
Evento na praça marca data
A Secretaria Municipal da Saúde de Piracicaba realiza evento para celebrar hoje o Dia Mundial de Combate ao Tabaco, na praça José Bonifácio, a partir das 10 horas.
No local, os profissionais do Departamento da Atenção Básica farão orientação sobre o tabaco e o projeto Você Livre do Cigarro e também a aplicação de questionário para medir o nível de dependência da população fumante. Haverá também a participação dos alunos da Enfermap e representantes da Farmácia Drogasil, que vão medir a taxa de glicemia e a pressão arterial.
O motivo da realização do evento na praça é a grande circulação de pessoas pelo local. A secretaria tem investido em ações para diminuir o consumo de tabaco entre as pessoas e os resultados têm sido positivo.
O Departamento de Atenção Básica e o de Assistência Farmacêutica, com o médico responsável pelo projeto antitabagismo, estão contabilizando dados oficiais sobre essas ações, que deverão ser repassados hoje.
(Tribuna TP, 31/05/2011)