A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu, hoje, em Berlim uma energia do futuro segura, mas também economicamente viável, quando o governo acaba de anunciar que as 17 centrais nucleares vão ser encerradas até 2022. A decisão foi tomada após uma reunião de quase 12 horas de líderes dos partidos da coligação governamental de centro direita e da oposição para encontrar um consenso.
No outono passado, o executivo tinha decidido prolongar os prazos de laboração dos reatores alemães por mais 12 anos, em média, decisão muito contestada pela oposição social-democrata e ambientalista, que tinha estabelecido um prazo limite até 2020 com a indústria do setor, quando foi governo.
A catástrofe nuclear em Fukushima, no Japão, em meados de março, levou Merkel a mudar de opinião, ao constatar, como disse recentemente, que mesmo num país altamente industrializado a segurança das centrais nucleares não pode ser inteiramente garantida.
O governo federal decretou então uma moratória para reexaminar a segurança dos reatores alemães, e nomeou uma comissão de ética, presidida pelo ex-ministro do ambiente Klaus Toepfer, para analisar a possibilidade de renúncia à energia nuclear.
A decisão tomada hoje pelo executivo, já na linha das recomendações da comissão, implica também o encerramento imediato das oito centrais nucleares mais antigas, consideradas também as menos seguras.
Além disso, o imposto sobre a produção de energia nuclear, com o qual o Estado pretende arrecadar uma receita de dois mil milhões de euros por ano, manter-se-á, embora apenas parcialmente, anunciou o ministro do Ambiente, Norbert Roettgen.
A nova política energética alemã prevê a construção mais célere de novas centrais movidas a carvão e a gás natural, de silos para amazenar e uma maior promoção das energias renováveis.
Além disso, serão criados incentivos ao saneamento de casas e edifícios, de modo a melhorar o respetivo isolamento e a poupar energia.
Para este fim, serão orçamentados já 1,5 mil milhões de euros no Orçamento de Estado do próximo ano.
Os Verdes anunciaram que têm uma "posição crítica" face às novas decisões do governo em matéria de energia nuclear, embora não pretendam bloqueá-las, preferindo esperar pelos projetos-lei ainda a apresentar ao parlamento federal.
A organização ambientalista Greenpeace considerou o prazo de 12 anos para encerrar todas as centrais atómicas "absolutamente inaceitável", prometendo continuar as ações de protesto.
"Angela Merkel não aprendeu a lição de Fukushima e submete milhões de pessoas a um risco desnecessário por mais 11 anos", disse hoje, em Berlim, um porta-voz da organização.
Vários industriais alemães criticaram também a decisão do governo federal, considerando-a um risco para a maior economia europeia e advertindo contra a dependência energética do exterior.
(Lusa, 30/05/2011)