O superintendente estadual do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Ramiro Martins Costa, disse que mudou o perfil do desmatador em Mato Grosso. Agora, os donos de terras voltaram a operar com os correntões, uma velha técnica usada na década de 70 para abrir áreas. Ela está proibida há dez anos no país, porém no Estado não existe uma legislação específica.
A mudança pode ter contribuído para o aumento pontual do desmatamento entre março e abril em Mato Grosso. De acordo com os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o estado foi responsável pelo desmatamento de 480,3 km² dos 593,0 km² registrados na Amazônia Legal.
No Estado, seis dos 10 maiores desmatamentos ilegais registrados em Mato Grosso foram feitos por correntes gigantes puxadas por tratores em áreas que estão em nome do fazendeiro paranaense Vademilso Badalotti. Nesta sexta-feira (27), o advogado dele, Jarbas Lindomar Rosa, disse que seu cliente não tem buscado resolver os problemas junto à Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema).
Ramiro Costa explica que há quatro anos o desmatamento ocorria em pequenas áreas. Agora, os desmatadores decidiram radicalizar. Os desmatamentos, segundo o superintendente do Ibama, estão acontecendo em grandes áreas nativas, entre 500 e até 1 mil hectares.
A abertura ilegal tem sido caraterizada pelo uso dos chamados correntões, que consiste em arrastar grandes correntes fazendo o corte raso da mata. As fiscalizações comprovaram também que as áreas veem sendo desmatadas para serem usadas pela agricultura.
Neste ano, os fiscais do Ibama aplicaram mais de R$ 100 milhões em multas, além de terem sido apreendidos inúmeros tratores e gado sendo criado em áreas de preservação. Ramiro Costa disse que o órgão quer agilizar em 2011 o julgamento destes processos para doar as máquinas apreendidas ao Exército e os animais para entidades como Embrapa.
(G1, 28/05/2011)