O Ministério do Meio Ambiente está negociando com os Estados do Mato Grosso, Pará e Amazonas a assinatura de acordos para compartilhar informações sobre áreas rurais com licença ambiental para desmate, com o objetivo de facilitar a identificação dos casos de ilegalidade.
"Vamos cruzar as informações federais com as estaduais. Quero saber onde o Estado autorizou o desmatamento. A responsabilidade é do Estado, mas as informações precisam ser compartilhadas", disse na quarta-feira a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que acompanhou ações do governo federal no combate ao desmatamento ilegal em Mato Grosso.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também acompanhou a operação.
O governo decidiu montar um gabinete de crise para combater o desmatamento depois que o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) anunciou, na semana passada, um salto no índice de desmatamento na Amazônia.
Para os ambientalistas, o aumento no desmatamento estava ligado à expectativa de enfraquecimento da legislação com o novo texto Código Florestal, aprovado na Câmara dos Deputados na terça-feira (24).
Horas antes da votação, ao receber ex-ministros do Meio Ambiente, a presidente Dilma Rousseff sinalizou que haveria alguma relação entre o aumento do desmatamento e a expectativa de que o novo texto poderá aumentar a impunidade.
ÁREA EMBARGADA
Na ação acompanhada na terça-feira (24) na região de Sinop, a 501 quilômetros de Cuiabá, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) apreendeu dois tratores e embargou uma área de 320 hectares, dos quais 120 já haviam sido desmatados ilegalmente.
Os desmatadores usaram a prática conhecida como "correntão", na qual uma corrente grossa de metal é presa a dois tratores que a usam para derrubar a mata.
"Com o correntão, a fauna não tem chance de fugir. A corrente atropela tudo", disse o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Menezes Evaristo.
Segundo o diretor do Ibama, desde janeiro o órgão ambiental já aplicou o equivalente a R$ 300 milhões por desmatamentos ilegais no Mato Grosso, Pará, sul do Amazonas e Rondônia. Ao todo, 43 tratores já foram apreendidos.
O governador do Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), que acompanhou os ministros, anunciou que o Estado passará a proibir a prática em desmatamentos autorizados.
(Reuters, Folha.com, 26/05/2011)