Com a experiência de quem esteve na direção do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) e responsável pela elaboração do Projeto Integrado Socioambiental, contribuo com o debate sobre a proposta de implantar uma nova captação de água bruta para as estações de tratamento do Moinhos de Vento e São João. Equivocada é a ideia expressa no artigo, publicado no JC, assinada pelo secretário da Produção, Indústria e Comércio, Valter Nagelstein, e pelo vereador Adeli Sell. A proposta defendida por eles não enfrenta o problema de forma ambientalmente adequada, até porque é importante esclarecer que o tipo de poluição verificado nas águas, onde atualmente é feita a captação, é de origem doméstica. Existiria comprometimento da captação, e o problema seria bastante sério, se o tipo de poluição tivesse como origem poluentes químicos industriais.
No entanto, para elevar a qualidade da água bruta contaminada por poluição de origem orgânica, como detectado na região, o Dmae está plenamente capacitado para efetuar o adequado tratamento, tanto que esse serviço é feito há muito tempo com total qualidade. Não é de hoje que os porto-alegrenses bebem água da torneira com segurança. Sugiro que, ao invés de propor que seja abandonado o atual ponto de captação, a prefeitura de Porto Alegre não vire as costas ao Guaíba e enfrente a situação, isto é, que faça o tratamento dos esgotos domésticos e controle da poluição das águas, melhorando significativamente a sua qualidade. A obra proposta, de se passar a fazer a captação no canal do rio Jacuí, demanda significativos recursos. A ideia de se construir o tal “Tubão” deve ser substituída pelo tratamento dos efluentes da zona Norte de Porto Alegre, em especial da bacia do arroio Feijó, que ainda não possui tratamento. Os ganhos ambientais serão superiores e ainda teremos a vantagem de poder conviver com o Guaíba em toda a sua extensão.
(JC-RS, 24/05/2011)
Vereador de Porto Alegre/PT