Há muitos anos a Monsanto busca poder comercializar seu trigo transgênico nos EUA. Em 2004 a empresa suspendeu temporariamente a ideia em função da forte rejeição dos produtores no país. Metade do trigo produzido nos EUA é exportada e alguns dos principais mercados compradores adotam a “tolerância-zero” para a presença de trigo transgênico, o que levaria à rejeição de carregamentos inteiros em caso de contaminação acidental.
Agora, segundo reportagem publicada pelo St. Louis Post-Dispatch, o cenário está mudando e a empresa voltando a investir na cultura. A matéria cita Anne McKendry, uma melhorista genética da Universidade de Missouri, dizendo que embora muitos dos países que importam trigo dos EUA continuem rejeitando o cereal modificado, “muitos produtores de trigo que inicialmente recusaram as sementes transgênicas agora dizem que elas são benvindas”. Segundo McKendry, “em 2008 a Associação Nacional de Produtores de Trigo conduziu uma pesquisa com seus membros e apurou que 80% apoiava a biotecnlogia.”
Com efeito, durante os últimos dois anos a gigante da biotecnologia Monsanto renovou seu interesse pela cultura e comprometeu mais recursos no desenvolvimento de variedades transgênicas. Em 2009 a empresa comprou a WestBred, uma empresa de sementes de trigo em Montana, por US$ 45 milhões. Nos últimos seis meses ainda investiu para o projeto em equipamentos “proibitivamente caros” que aceleram o processo de identificação de características de interesse agronômico nas lavouras.
Através de uma parceria entre a UNL (Universidad Nacional del Litoral) / Conicet (Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Tecnológicas) e uma empresa privada do grupo Bioceres SA., uma equipe de pesquisadores argentinos desenvolveu uma nova variedade de trigo transgênico resistente ao stress hídrico. Segundo a coordenadora da pesquisa, Raquel Chan, o trigo modificado apresentou produtividade até 30% superior às variedades convencionais. O grupo buscará a aprovação do trigo transgênico pela Comissão Nacional de Biotecnologia e espera que ele chegue ao mercado até 2014-2015.
(Por AS-PTA, com informações de St. Louis Post-Dispatch e El Litoral, EcoAgência, 23/05/2011)