Mais de 13.500 indígenas foram expulsos de seus territórios de origem como consequência do conflito armado na Colômbia entre 2000 e 2010. É o que apresenta o relatório "Territórios em confrontação”, da Consultoria para os Direitos Humanos e o deslocamento (Codhes), o qual analisa o impacto do conflito armado sobre a população civil na Amazônia e Orinoquia. O documento foi apresentado nesta sexta-feira (20), na cidade de Villavicencio.
A pesquisa identificou três infrações ao Direito Internacional Humanitário que ameaçam as culturas indígenas: deslocamento forçado; acidentes por minas terrestres e munições sem explosão; e recrutamento de menores de 15 anos. Tais violações levaram os indígenas dessa região a uma grave crise humanitária.
A extensão do conflito "até os territórios selvagens mais profundos, onde habita a maior parte das comunidades indígenas tem tido como consequência uma forte crise humanitária, a qual é, além de tudo, invisível”, assinala o relatório.
Foram investigadas a região sul de Meta e os departamentos de Caquetá, Guaviare, Amazonas, Guainía, Vaupés, Vichada, Arauca e Casanare. Nesses lugares estão localizados 50% dos povos indígenas reconhecidos na Colômbia. Observou-se, de acordo com a Codhes, que o conflito armado se acentuou e se expandiu a toda essa região, com a presença de paramilitares, guerrilha e Forças Públicas.
A maioria das declarações de deslocamento em Guaviare e Vaupés, por parte de indígenas, atribui a fuga ao recrutamento ou a ameaça, tanto de menores como de adultos. A maior quantidade de eventos por minas terrestres foram registradas no sul de Meta, Guaviare e Caquetá.
O relatório descreve os chamados "assassinatos seletivos” de líderes indígenas, como estratégia de intimidação. Além disso, relata confinamento e restrições à mobilidade de pessoas, alimentos, medicamentos, combustíveis, bens e serviços básicos.
Os indígenas também estão expostos a eventuais vinganças, se forem acusados de pertencer ou ajudar um determinado bando, assim como à ocupação de suas casas, escolas e edifícios comunitários, especialmente por membros da Força Pública.
Um caso emblemático, apontado pelo documento, é a história povo indígena Jiw. Em setembro de 2008, a morte de duas crianças por explosão de mina do grupo mais ilhado e tradicional levou ao deslocamento de toda a comunidade, um pouco mais de dois mil membros.
Outro fato destacado foi a instalação de uma Escola de Forças Especiais do Exército na reserva indígena Barracón, no município de San José Del Guaviare. A escola da comunidade ficou dentro do terreno da Escola militar, o que provocou um acidente que deixou 16 indígenas feridos. A base não foi transferida de lugar e as crianças se viram obrigadas a correr perigo diariamente.
(Adital, com informações de Codhes e EFE, EcoAgência, 23/05/2011)