Obras, que irão tratar 77% do esgoto da cidade, darão balneabilidade para o Guaíba no verão de 2014. A sexta-feira de visitas ministeriais em Porto Alegre contou com a presença da ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Ela visitou as obras do Programa Integrado Socioambiental (Pisa), na zona Sul da Capital. Miriam disse ter gostado do que viu nos canteiros de obras na área do antigo Estaleiro Só, na avenida Padre Cacique, e na avenida Diário de Notícias, onde se localizam as chaminés de equilíbrio. "É uma obra gigantesca e está indo bem. Porto Alegre trouxe para o Brasil tecnologias que não existiam no País. Depois de pronta, colocará a cidade em um patamar de primeiro mundo", destacou.
Para o prefeito José Fortunati, a aprovação da ministra ganha em importância pelo fato de Miriam ter participado de forma ativa no processo de liberação de recursos. "Foi ela que acompanhou tecnicamente. Ela ficou encantada ao perceber que é uma obra que transformará a vida da cidade. Com a presença dela aqui, estamos prestando contas ao governo federal dos recursos investidos", afirmou.
Depois de concluídas as obras do Pisa (a previsão é de que até o fim de 2012 o sistema esteja operando), Porto Alegre irá tratar 77% do esgoto sanitário da cidade. Com isso, a expectativa é de que, no verão de 2014, os porto-alegrenses possam voltar a se banhar nas águas do Guaíba no bairro Ipanema.
Outro ponto que está na mira da prefeitura diz respeito à poluição da água que chega ao lago através de seus afluentes (rios Jacuí, Sinos, Caí e Gravataí). "Estamos discutindo isso na Granpal (Associação dos Municípios da Região Metropolitana da Grande Porto Alegre). Há uma disposição muito grande por parte dos prefeitos dessas cidades na busca por recursos para que obras do tipo sejam realizadas em suas cidades", observou Fortunati.
Conforme o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Flávio Presser, as etapas mais demoradas das obras, como a obtenção dos licenciamentos ambientais e as desapropriações, já foram superadas. O Pisa terá um investimento total de R$ 586 milhões, sendo R$ 383 milhões somente para obras de esgotamento sanitário. Com a conclusão do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) Sarandi, na zona Norte, prevista para maio de 2012, mais 3% do esgoto coletado na Capital será tratado, completando 80%.
Para Presser, Porto Alegre ficou tempo demais sem realizar ações significativas na área do saneamento. "Tivemos um hiato muito grande. Porto Alegre parou por dez anos. A última grande obra para o esgoto foi o Pró-Guaíba. Antes dele, tratávamos 2% do esgoto, com ele passamos a 27%", destacou. Conforme ele, a defasagem fez com que uma obra muito grande, como o Pisa, fosse necessária. "Quando se deixa de fazer por muito tempo, se acumulam as necessidades. Não podemos deixar isso ocorrer de novo", ressaltou.
Segundo o diretor do Dmae, com a possibilidade de se tratar os resíduos, a prefeitura pode começar a coletar o esgoto nas regiões mais periféricas da cidade. "Agora podemos começar a ir nas vilas, pois teremos onde tratar o esgoto", enfatizou. Hoje, 85% do esgoto gerado em Porto Alegre é coletado.
(Por Juliano Tatsch, JC-RS, 23/05/2011)