Quatro novos projetos de conservação ambiental do Rio Grande do Sul foram contemplados com financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza em 2011. No Brasil, são 18 os projetos de conservação da natureza financiados pela instituição desde o início do ano. O financiamento ocorrerá no prazo de um a dois anos
Dois deles são desenvolvidos no litoral do Estado e visam à elaboração de estratégias de conservação de mamíferos aquáticos (leões-marinhos e toninhas), ameaçados principalmente pelas práticas de pesca na região. Os outros dois projetos irão estudar espécies de peixes anuais dos pampas e populações de papagaios no noroeste do Rio Grande do Sul e sudeste de Santa Catarina.
Além desses quatro projetos iniciados neste ano, outras 14 iniciativas estão em andamento no Rio Grande do Sul e recebem apoio da Fundação Grupo Boticário. No total, ao longo de sua história, a instituição já financiou 142 iniciativas no Estado e 1.265 no Brasil.
Conheça um pouco dos projetos financiados pela instituição no Rio Grande do Sul:
Mamíferos aquáticos
"Conflitos entre leões-marinhos e a pesca no sul do Brasil: uma análise ecológica e econômica" é o projeto que será desenvolvido pela Associação Antonio Vieira, mantenedora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Os resultados fornecerão uma caracterização completa das interações entre a pesca e os leões-marinhos no Brasil, subsidiando futuros planos de manejo para conservação da espécie e atenuação dos conflitos entre a sua conservação e a atividade pesqueira na região.
A Organização Não-governamental KAOSA, de Rio Grande, dará continuidade ao trabalho de monitoramento das capturas acidentais de toninhas — pequeno cetáceo (mamífero marinho) endêmico do Atlântico Sul. O objetivo do estudo é obter informações sobre a presença das toninhas no litoral gaúcho para gerar informações relevantes para o seu manejo na região e evitar a mortalidade pela captura acidental em pescas com rede de emalhe.
Peixes dos pampas
Os peixes anuais são considerados um dos grupos de animais vertebrados mais ameaçados de extinção no Brasil. O alto grau de endemismo, ou seja, a quantidade de espécies existentes em apenas uma região, e a fragmentação do seu habitat são as principais causas para o elevado risco de extinção desses animais.
Com o objetivo de diagnosticar a presença no Rio Grande do Sul, onde é estimado que 90% das áreas úmidas naturais que serviam de habitat para essas espécies se perderam, o projeto "Peixes anuais do Pampa", do Instituto Pró-Pampa, de Pelotas, pretende gerar informações sobre a situação de ameaça para esses peixes do Pampa, principalmente espécies da família Rivulidae.
Aves no nordeste gaúcho
De Carazinho, a Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA) dá seguimento ao Projeto Charão, que vem sendo desenvolvido há 19 anos em parceria com a Universidade de Passo Fundo. O papagaio-charão permanece boa parte do ano, de junho a janeiro, no Rio Grande do Sul, para busca de alimento e reprodução. Ao longo dos anos, os pesquisadores perceberam que populações dessa espécie do Rio Grande do Sul passaram a migrar para o sudeste de Santa Catarina, após o período reprodutivo, em busca de uma maior oferta de sementes de araucária. Desde 1995, o Projeto Charão tem identificado a presença do papagaio-de-peito-roxo — espécie com ampla distribuição no território brasileiro — na região do planalto catarinense, onde há maior ocorrência de araucárias, nos mesmos locais em que os grupos de papagaio-charão agora costumam se reunir.
Foi para entender melhor a relação entre esses dois papagaios ameaçados de extinção que os pesquisadores do Projeto Charão iniciaram em 2009, com o apoio da Fundação Grupo Boticário, um estudo com essas duas espécies simpátricas — isto é, que coexistem em uma mesma região geográfica, no caso, no nordeste do Rio Grande do Sul e o sudeste de Santa Catarina.
Na primeira fase, finalizada em 2010, foram identificadas tanto áreas de compartilhamento quanto áreas onde o papagaio-de-peito-roxo ocorre e se reproduz. O objetivo da segunda fase do projeto, que está em andamento, é o de aplicar estratégias conservacionistas para a ampliação de locais para a reprodução das duas espécies nas áreas de simpatria. O Projeto Charão também pretende dar continuidade ao monitoramento populacional de ambas as espécies, bem como investigar os deslocamentos que os bandos de papagaio-do-peito-roxo realizam ao longo do ano, com auxílio da radiotelemetria.
(Clic Rbs, 22/05/2011)