O governo gaúcho está trabalhando no sentido de inscrever os produtores orgânicos do Estado a fornecerem toda a alimentação do Palácio Piratini. A afirmação foi feita pelo governador Tarso Genro nesta quinta-feira (19), durante almoço no Galpão Crioulo do Palácio, que reuniu dezenas de produtores orgânicos de todo o Estado do Rio Grande do Sul. O almoço fez parte das comemorações dos 90 anos do Palácio Piratini. Na mesa estavam vários secretários de Estado e, representando os agricultores orgânicos, o produtor de bananas de Torres, Nei Dimer. Entre os diversos manifestos entregues ao governador estava a carta assinada por 34 entidades e organizações que compõe a Comissão da Produção Orgânica do Estado do Rio Grande do Sul, CPOrg/RS.
Ao falar aos participantes do almoço, Tarso Genro enfatizou que é obrigação do governante auxiliar a agricultura familiar. "Acredito", disse ele, "que cem por cento dos produtores orgânicos são agricultores familiares. E nos 90 anos do Palácio Piratini, essa convergência só afirma a natureza do nosso programa". De acordo com o governador, a agricultura familiar tem recebido a atenção do governo federal, como jamais ocorreu na história da agricultura do país.
Toda a alimentação utilizada durante o almoço foi comprada um dia antes na Feira dos Agricultores Ecologistas que ocorre sempre às quartas-feiras na pátio da Secretaria da Agricultura, na Avenida Getúlio Vargas, em Porto Alegre. O cardápio teve entrada com folhas verdes, tomate, tofu, flores comestíveis e pão de hibisco. No prato principal foi servido escondidinho de aipim com bertalha, arroz, feijão misto, bife de soja, farofa de cenoura, hibisco, cebola e alho. Na sobremesa as opções foram tortas de maçã e banana ou frutas da estação. Como bebida as opções eram sucos de uva, laranja e folhas verdes.
Política de produção orgânica
Ao final do almoço o coordenador da CPOrg/RS, José Cleber Dias de Souza, acompanhado pelos integrantes da Comissão, Simone Azambuja, Leonildo Zang e Roni Carlos Bonow, entregou uma carta a Tarso Genro, com pedido para que o governo "estabeleça as bases para a construção de uma política estadual de desenvolvimento da produção orgânica, bem como de outras iniciativas que se abriguem sob os conceitos da agroecologia".
A carta elenca quatro sugestões: redução ou eliminação da incidência de ICMS, estimulando a produção e o consumo; apoio ao desenvolvimento de mercados locais, com o estímulo ao surgimento de estabelecimentos de abastecimento popular que aproximem o agricultor do consumidor; apoio à incorporação de produtos oriundos da agricultura familiar agroecológica ao mercado institucional; e políticas de crédito diferenciado (com subsídio) para a produção, em especial a transição para sistemas orgânicos e de agroindustrialização.
Os integrantes da CPOrg/RS querem, ainda, que o atual governo atual reveja as condições estabelecidas em recente decisão do Programa Troca-troca, que permitiu a inclusão de sementes transgênicas naquela iniciativa que deveria apoiar a autonomia e não a dependência dos agricultores familiares gaúchos. "Estamos convencidos", diz a carta, "de que o equívoco encerrado naquela condição, que atende ao interesse do controle das sementes por transnacionais e compromete de forma irremediável a preservação de sementes crioulas, deu-se à revelia de seu conhecimento e, com sua intervenção, será corrigido no interesse da autonomia dos agricultores gaúchos".
(Ecoagência Solidária de Notícias Ambientais, 20/05/2011)