A inspeção veicular, que se tornou obrigatória há três anos na cidade de São Paulo, tirou do ar da capital uma quantidade de poluição equivalente a uma frota de cerca de 1,3 milhão de carros, de acordo com estudo divulgado nesta quarta-feira pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Além disso, foi verificado que os veículos movidos a diesel são responsáveis por 40% da poluição particulada (fumaça preta que sai dos escapamentos), mesmo representando menos de 10% da frota.
O coordenador do estudo, professor Paulo Saldiva, explicou que essa diminuição tem implicação direta na saúde das pessoas. Em 2010, “com o ar mais limpo 252 mortes foram evitadas”, explicou.
Saldiva também ressaltou que 13% dos infartos do miocárdio são atribuídos à poluição. “Tem um estudo que pergunta: o que você fez de diferente nos três dias que precederam o infarto? Aí aparecem emoções, perda de sono, comeu demais, mas aparece tempo de permanência no tráfego, como fator determinante para o infarto.”
A divulgação do estudo teve a intenção de mostrar que as políticas públicas voltadas para a melhoria do meio ambiente resultam em melhoras imediatas a saúde e que isso deve ser enfatizado pelos governos. Citando a capital irlandesa Dublin, Saldiva explicou que com cada libra gasta a mais para substituir o carvão por gás na cidade (em aquecimento das casas, por exemplo), o prefeito ganhou oito libras em saúde.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, enfatizou a importância do estudo para melhorar a campanha educativa e conscientizar a população da importância da inspeção veicular. “A grande conquista desse programa [inspeção] é o ganho na saúde pública.”
(IG, 18/05/2011)