Começou nesta quarta-feira (18) a coleta de água de alguns pontos de Caldas e Poços de Caldas, para analisar se existe algum tipo de contaminação provocada pelo lixo radioativo das Indústrias Nucleares do Brasil (INB). No ribeirão que corta Poços, foram coletadas amostras em 21 pontos por profissionais do Departamento Municipal de Água e Esgoto, da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e das Indústrias Nucleares do Brasil. O grupo também fez coletas em um reservatório dentro da área da INB.
A empresa, ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, se instalou na década de 1980 na zona rural de Caldas. Ela chegou a produzir 1,2 mil toneladas de concentrado de urânio. Desta produção, sobraram cerca de 11 mil toneladas de um resíduo chamado "Torta 2", uma mistura de tório e urânio, minérios radioativos que ficam armazenados nestes depósitos. O parque industrial foi desativado há 15 anos, mas o risco de contaminação ainda preocupa o Ministério Público. Em uma Ação Civil Pública, de outubro de 2010, José Eduardo de Souza pediu algumas mudanças. A Justiça decidiu então que a INB providencia análises do solo e da água, assim como laudos técnicos.
As providências já começaram a ser tomadas providências na INB. A Justiça determinou que os galpões, onde ficam os materiais radioativos, sejam reformados. A obra ainda não começou, mas algumas medidas já foram tomadas. O telhado dos depósitos foi trocado. Agora, uma tela impede a entrada de animais no local. As medidas são emergenciais. A direção da INB informou que o início de uma reforma maior ainda depende de licitação. Enquanto isso, a CNEN monitora as atividades da empresa. Os técnicos dizem que não há motivo para preocupação.
Os testes microbiológicos serão feitos no laboratórios do Departamento de Água e Esgoto de Poços de Caldas. Já as análsies dos elementos radioativos ficam por conta da CNEN. Os resultados só devem sair em outubro, quando a comissão concluir as seis etapas de coletas de água nos mananciais.
(Globo, 18/05/2011)