Porto Alegre pode ser a primeira cidade brasileira a implantar um sistema de coleta, triagem e reaproveitamento de resíduos tecnológicos. Um projeto piloto vem sendo organizado pelo Gabinete de Inovação e Tecnologia de Porto Alegre (Inovapoa) em parceria com a Cetrel, empresa baiana do Grupo Braskem. A ideia foi apresentada nesta terça-feira (17), durante o Meeting de Tecnologia da Federasul, que recebeu o coordenador-geral do Inovapoa, Newton Braga Rosa, e o líder de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Cetrel, Alexandre Machado.
Conforme os palestrantes, a Capital gaúcha foi selecionada para a implemenação por estar avançada em relação ao processo de logística, com as cooperativas de triagem e reciclagem já existentes. Eles afirmaram que a logística este ainda é o grande empecilho para o Brasil investir nesse processo, que há anos é aplicado em outros países mais desenvolvidos, e por isso estão buscando parceria com diversas entidades.
"Atualmente um metro cúbico de resíduos eletrônicos vale de 20 a 25 mil dólares. Isso significa que reciclar é ainda mais vantajoso, sobretudo por causa dos metais nobres, como ouro, cobre e paládio contidos nas placas eletrônicas, explicou Alexandre.
De acordo com Newton Rosa, além de ser economicamente rentável, a iniciativa atende a Lei Federal da Logística Reversa, de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
"A prefeitura de Porto Alegre está empenhada neste projeto e já em dezembro do ano passado deu o primeiro passo, com a realização de uma feira de recolhimento de computadores descartados", lembrou. Na ocasião, foram recolhidos cerca de 13 toneladas de resíduos eletrônicos, todos com uma média de três anos de uso.
O representante da Cetrel apresentou ainda um levantamento mostrando que, com o volume de lixo eletrônico descartado no Brasil, que atualmente é de 996,8 mil toneladas por ano, seria possível um faturamento de no mínimo R$ 6 bilhões ao ano se for processado apenas o ouro contido nestes resíduos.
"Estamos vendendo para o exterior ouro, prata, e uma lista de 14 metais nobres contidos nas placas eletrônicas como lixo, que poderiam ser reaproveitados produzindo riqueza para o nosso país", reforçou Alexandre.
A reunião almoço foi coordenada pelo vice-presidente da Federasul e coordenador da Divisão de Tecnologia da entidade, Jaime Wagner.
(JC-RS, 17/05/2011)