A relação entre os gaúchos e a natureza deu origem à exposição inaugurada ontem no Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do RS em Porto Alegre. A mostra "Fauna e Flora na Tradição Gaúcha" reúne painéis com 30 textos de poetas e compositores rio-grandenses que têm como tema a biodiversidade no Estado. Em cada painel, o visitante encontra, além dos versos, informações sobre cada espécie. A exposição deve ficar nos próximos dois anos na Sala Padre Balduíno Rambo.
Segundo a pesquisadora e curadora da mostra, Maria de Lourdes Abruzzi de Oliveira, a pesquisa durou dois anos. O resultado final, conforme ela, mostra que a preocupação com a conservação da natureza está presente na cultura gaúcha desde os tempos de Simões Lopes Neto (1865-1916), um dos autores citados. Muitas das espécies que serviram de inspiração aos poetas como Jayme Caetano Braun e Aparício Silva Rillo hoje estão ameaçadas de extinção, como o lobo-guará e a cabreúva. "No Bioma Pampa, por exemplo, 51% da superfície já estão comprometidos", explicou a curadora.
As músicas citadas nos painéis podem ser ouvidas pelos espectadores em um computador. A exposição conta ainda com um aquário com várias espécies de lambaris e uma caixa de abelhas, citadas na música "Canto Alegretense" ("camoatim de mel campeiro"). Algumas peças foram empalhadas, como o martim-pescador, a gralha e o lobo-guará. Os símbolos naturais do Rio Grande do Sul também estão representados: brinco-de-princesa (flor), erva-mate (árvore) quero-quero (ave) e macela (planta medicinal). A exposição conta com o patrocínio da CEEE. A entrada no Jardim Botânico (Salvador França, 1427), onde está localizado o Museu de Ciências Naturais, custa R$ 2,50. A abertura da exposição ocorre durante a Semana Internacional dos Museus.
(Correio do Povo, 17/05/2011)