O controle mais eficaz do trânsito e o aumento de denúncias garantiram a redução da entrada de agrotóxicos ilegais no Rio Grande do Sul, uma das principais portas de entrada desses produtos no país. Entre os meses de janeiro e abril, foram apreendidos no Estado 2.124 quilos, 71,9% a mais do que os 1.235 quilos do mesmo período do ano passado. Conforme dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), o RS fica atrás somente do Paraná, com 6.245 kg, e Mato Grosso, com 5 mil kg. Ao todo, no Brasil, foram apreendidos 15,6 mil quilos, uma elevação de 20% no mesmo período.
Os estados da Região Sul e o Mato Grosso do Sul são os mais visados pelos contrabandistas porque fazem fronteira com o Uruguai e o Paraguai. Além de maior rigor na inspeção, a indústria mantém campanhas de esclarecimento há dez anos. Mas, segundo o gerente do Sindag, Fernando Marini, infelizmente, o custo mais baixo ainda pesa na decisão de muitos. "É preciso comprar em locais de confiança com a receita agronômica e a nota fiscal que indica o local para devolução das embalagens vazias."
A Secretaria da Agricultura que fiscaliza a produção, o transporte e uso de agrotóxicos na lavoura, quer fechar o cerco aos ilegais. Conforme o diretor do Departamento de Sanidade Vegetal José Cândido Mota, está em elaboração um projeto em que microscópios, acoplados a notebooks, e um kit para detectar moléstias vegetais a partir do DNA serão usados na análise. Hoje, sem a tecnologia, é impossível cumprir a legislação federal, que determina a destruição da lavoura. Com isso, o produto acaba sendo apreendido pela Polícia Federal, que toma as providências legais, e o usuário tem de responder a processo administrativo na secretaria. "Precisamos aparelhar o setor para identificar o nível de agrotóxico a campo, porque até agora se tem amostragem nos produtos já na etapa da comercialização."
Mota alerta aos agricultores que produtos ilegais podem contaminar a produção, além de não garantir o resultado esperado. Ele acrescenta que o uso, mesmo em pequena quantidade, pode comprometer toda a lavoura.
(Correio do Povo, 16/05/2011)