Inconformado com o destino dado aos resíduos sólidos produzidos em sua cidade - Tubarão, em Santa Catarina -, o técnico em eletromecânica aposentado José Alcino Alano, 60, aproveitou seus conhecimentos para desenvolver um aquecedor solar reaproveitando garrafas PET e caixinhas de leite. O trabalho iniciado há nove anos recebeu prêmios de publicações especializadas, pelo uso do lixo reciclado aliado a economia de energia elétrica.
Alano veio a Porto Alegre mostrar seu trabalho para alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Morro da Cruz. "Não me conformava com o descarte errado de garrafas e resolvi ir atrás de uma ideia para o seu reaproveitamento. Acabei desenvolvendo o aquecedor usando 100 garrafas PET. Há oito anos aplico esse sistema na minha residência", contou. O projeto deu tão certo que ele firmou parceria com os governos de Santa Catarina e Paraná. "Fechamos um convênio com duas cooperativas de Florianópolis que serão responsáveis pelo desenvolvimento de 400 modelos para serem implantados em casas de bairros carentes da cidade", disse.
José Alano fez questão de lembrar que o seu projeto não substitui a energia elétrica e o gás, mas oferece um meio alternativo e econômico de aquecimento de água. "Em uma casa onde o chuveiro represente o maior consumo, a economia na conta de luz com o aquecedor pode ultrapassar 40%", explicou.
O desenvolvimento e a instalação do aquecedor são feitos em até três dias, conforme a necessidade. O técnico aposentado já perdeu a conta de quantos aparelhos produziu usando os materiais. "Só no Paraná foram instalados mais de 6 mil. No entanto, o uso do aquecimento solar no Brasil ainda é pequeno. Um aquecedor para quatro pessoas precisa de 200 garrafas", reforçou.
A ideia gerou interesse em vários estados brasileiros. "Além das palestras, familiares e amigos também adotaram em sua rotina as práticas ambientais corretas", finalizou.
(Correio do Povo, 16/05/2011)