Passada quase uma década da morte do ambientalista José Lutzenberger, suas preocupações com o futuro do planeta estão cada vez mais atuais e pertinentes. Na década de 1970, quando pediu demissão de uma multinacional de química agrícola, o agrônomo e ecologista falava em energias limpas e renováveis, além de defender tecnologias ecologicamente sustentáveis e a agricultura orgânica.
No sábado, dia em que a partida de Lutzenberger completou nove anos, ele foi homenageado na Feira dos Agricultores Ecologistas, localizada próximo à sua casa, no bairro Santana. Houve oficina de cactos e suculentas - duas plantas admiradas por Lutz, que era frequentador assíduo da feira - e informações a respeito das ideias do ambientalista sobre energia nuclear.
"O que ele defendia já naquela época está ainda mais atual. Na época, ele era considerado louco. Mas já escrevia sobre energia nuclear e nem tinha acontecido os acidentes de Chernobyl e Fukushima", diz sua filha Lilly Lutzenberger, que esteve na feira. Ela cuida do acervo deixado pelo pai e, recentemente, resumiu três artigos escritos por ele sobre o uso de energia nuclear.
Em 1970, no Manifesto Ecológico, o ecologista já previa o problema do aquecimento global, alertando que "a Amazônia não é o pulmão do planeta, é o ar condicionado do planeta".
Lutzenberger ajudou a fundar a Associação Gaúcha de Proteção Ambiental (Agapan) e criou a Fundação Gaia, para promover a consciência ecológica e o desenvolvimento sustentável. No site da fundação (www.fgaia.org.br), Lilly disponibiliza ao público textos escritos pelo pai, inclusive em outros idiomas. "Estou resgatando muito material. É meio século de papel", ressalta Lilly.
(Correio do Povo, 16/05/2011)