Um trabalhador da usina nuclear de Fukushima Daiichi morreu neste sábado após perder a consciência enquanto carregava materiais destinados à descontaminação de água radioativa em um edifício da central, informou a agência japonesa "Kyodo".
A Tokyo Electric Power Company (Tepco), operadora da usina, indicou que não foram encontrados resíduos de substâncias radioativas no corpo do homem, que não apresentava feridas aparentes. "Confirmamos que o funcionário não havia sido contaminado pelas substâncias radioativas", declarou Shotaro Okawara, porta-voz da Tepco. O funcionário de 60 anos chegou a ser levado para um hospital, mas não resistiu, segundo o porta-voz.
O operário, que trabalhava com outro companheiro, desmaiou uma hora depois de iniciar sua jornada de trabalho, às 6h locais (18h de sexta-feira pelo horário de Brasília), quando entrava em uma sala médica das instalações de Fukushima.
Essa é a primeira vez que morre um operário de Fukushima enquanto trabalha, já que os outros dois empregados mortos foram vítimas do terremoto e do posterior tsunami que atingiram a usina nuclear em 11 de março.
A Tepco já recebeu críticas pelas falhas nas medidas de segurança de alguns operários, que precisam trabalhar muitas vezes em um ambiente com alta concentração de radiação, assim como pelas condições nas quais vivem seus trabalhadores dentro da central.
Mais de 30 empregados de Fukushima foram expostos a altas concentrações de radiação enquanto realizavam suas tarefas diárias, alguns deles por não seguir medidas de proteção adequadas, enquanto 15 ficaram feridos nos primeiros dias da crise pelas explosões nas unidades 1 e 3.
A Tepco avança lentamente nas tarefas para estabilizar os reatores da usina, embora as medidas para resfriar as unidades e reduzir a contaminação tenham permitido na semana passada que os operários pudessem voltar a entrar no reator 1 pela primeira vez desde o início do acidente nuclear.
Problema maior do que o esperado
Na quinta-feira, a Tepco afirmou que reator da usina mais próximo da estabilidade está vazando água radioativa, o que pode atrasar os planos para a solução do pior acidente nuclear desde Chernobyl. Trabalhadores na usina estão bombeando água nos quatro reatores na expectativa de fazer os combustíveis nucleares terem um "desligamento a frio".
Mas, depois de consertar um medidor no reator 1 no início desta semana, a Tepco descobriu que o nível de água no recipiente de pressão que contém barras de urânio combustível caiu cinco metros abaixo do ideal. A água precisa cobrir o combustível quando as operações estão normais.
"Deve existir um grande vazamento", disse Junichi Matsumoto, gerente geral da Tepco. "As barras de combustível devem ter derretido e caíram. Isso deve ter danificado o recipiente de pressão e criado um buraco", acrescentou.
Quase 10,4 mil toneladas de água foram bombeadas dentro do reator até agora, mas ainda não está claro para onde o vazamento está indo. A alta radiação torna difícil que funcionários verifiquem o local, disse Matsumoto.
Suspensão das atividades
A usina nuclear de Hamaoka deixou de funcionar neste sábado a pedido das autoridades de Tóquio, diante do grande risco de terremoto da região onde se localiza, algo que aumenta os problemas energéticos do Japão a pouco mais de um mês da chegada do verão no Hemisfério Norte.
Embora situada longe da zona devastada pelo grande terremoto de 11 de março, a central de Hamaoka fica em uma área de alta atividade sísmica, onde é grande a probabilidade de acontecer um terremoto de até 8 graus de magnitude pela escala Richter nos próximos 30 anos.
Por isso, a pedido do governo japonês, que busca evitar um novo acidente nuclear como o de Fukushima, a empresa Chubu Electric, que administra o complexo atômico de Hamaoka, determinou neste sábado a paralisação do último dos dois reatores que estavam operacionais na usina.
Considerada uma ordem sem precedentes, a paralisação de Hamaoka tirou de serviço os três reatores da central - um deles já não estava operacional temporariamente por uma revisão de rotina -, cuja capacidade de geração de energia é de 3,6 milhões quilowatts, 10% da energia que a operadora Chubu Electric serve à rede japonesa.
A companhia expressou neste sábado seu desejo de que as atividades possam ser retomadas em Hamaoka, cidade às margens do Oceano Pacífico, assim que forem tomadas as medidas necessárias contra um eventual acidente provocado por terremoto, mas o governo acredita que a suspensão durará, pelo menos, dois ou três anos.
O primeiro-ministro, Naoto Kan, disse na sexta-feira que os padrões de segurança das usinas nucleares do Japão - país que obtém um terço de sua energia de fontes atômicas - serão modificados no futuro em razão do acidente de Fukushima.
Atualmente, menos de 40% dos reatores nucleares do Japão estão operacionais por causa dos efeitos do terremoto de 11 de março nas centrais do noroeste e porque outras unidades estão sob revisão de rotina.
(Ultimo Segundo, EFE e AFP, 15/05/2011)