No dia em que se completa nove anos de partida, 14 de maio, o ambientalista José Lutzenberger é homenageado na Feira dos Agricultores Ecologistas, FAE. Assíduo frequentador da feira localizada próxima a sua casa, no Bairro Santana em Porto Alegre, o ecologista foi um grande defensor e propagador de cultivos livres de venenos e adubos químicos.
Lutz percorreu vários locais do Rio Grande do Sul durante a década de 1970 para divulgar a importância da agricultura regenerativa, atualmente popularizada como orgânica ou ecológica. "Até hoje lembro das palavras dele, quando foi à nossa região, recomendando que voltássemos às práticas agrícolas que nossos pais e avós faziam" comenta Aldacir Menoncin Bellé, produtora do município de Antônio Prado.
Oficina de cactus e suculentas, informações do ambientalista sobe energia nuclear e as atividades da Fundação Gaia estão entre as atrações programadas na FAE para este sábado. As homenagens acontecem na Banca do Meio, ao lado do caldo-de-cana, localizada no canteiro central da avenida José Bonifácio em Porto Alegre.
Cactus e suculentas
Atento observador da natureza, Lutzenberger tinha um grande fascínio pelas cactáceas e suculentas, plantas rústicas que apresentam flores surpreendentes. "Os cactos têm aparência agressiva e são capazes de sobreviver nos ambientes mais inóspitos e áridos. Além desta inacreditável capacidade de adaptação, de tempos em tempos, explodem em uma floração de beleza surpreendente", comenta Fernando Bergamin.
Formado em agronomia, Bergamin conheceu o ambientalista em 1985, quando ainda estava na faculdade, e três anos depois foi trabalhar para ele na empresa Vida. O encantamento pelas plantas rústicas contagiou o jovem agrônomo que desenvolveu uma coleção particular, cujas mudas encontram-se expostas na banca do Sítio Nahyr e podem ser adquiridas por apreciadores dessas espécies.
Qual a diferença entre um cactus e uma suculenta? Além da responder a esta dúvida, às 10h, Bergamin ensina formas de semeadura e transplante, mostra os substratos mais adequados, as técnicas e os cuidados necessários para cultivar essas plantas peculiares. As atividades fazem parte de uma oficina gratuita oferecida aos frequentadores da feira e trazem à atualidade o conhecimento deixado por Lutzenberger.
Legado Lutzenberger
A agricultura regenerativa estava entre as tecnologias brandas defendidas pelo ambientalista que antes dos desastres acontecerem, já alertava para os perigos e consequências catastróficas do uso da energia nuclear. Tocada pela tragédia ocorrida no Japão, Lilly Lutzenberger resumiu três artigos Os Perigos da Poluição Nuclear, Os Custos Ambientais do Uso 'Pacífico' da Energia Nuclear e Aprendiz de Feiticeiro escritos por seu pai que esclarecem como ocorre a geração de tal energia e suas consequências irrecuperáveis.
Na Banca do Meio, os frequentadores da feira poderão consultar esse resumo que alerta sobre os perigos da energia nuclear. Alguns parágrafos do mesmo serão ampliados em pequenos cartazes para destacar tópicos fundamentais. "Quando mexemos com o átomo, mexemos com mecanismos básicos da estrutura do Universo. Podemos produzir plutônio, podemos até consumi-lo no reator, mas jamais conseguiremos recuperar o plutônio disperso no ambiente, da mesma forma que jamais conseguiremos eliminar a radiação dos elementos radioativos ou alterar sua meia vida." O link do texto completo, que se encontra na página da Fundação Gaia, entidade criada pelo ambientalista, também será disponibilizado aos interessados, www.fgaia.org.br/texts/ENERGIANUCLEAR%20.pdf.
Informações sobre as atividades da Fundação Gaia e imagens do Rincão, sede rural localizada em Pantano Grande, também podem ser apreciadas na Banca do Meio. Os livros do autor, que juntamente com os artigos, mostram como suas idéias continuam atuais e pertinentes, são encontrados na Via Sapiens, localizada ao lado da Banca do Arroz.
A Feira dos Agricultores Ecologistas acontece todos os sábados, das 7 às 13h, no canteiro central da primeira quadra da avenida José Bonifácio, junto à Osvaldo Aranha, em Porto Alegre.
(Por Cláudia Dreier, encaminhado por E-mail ao AmbienteJÁ, 13/05/2011)