O sociólogo Sérgio Domingues atento ao que acontece no País, escreveu artigo importante sobre as condições que muitas empresas estrangeiras encontram no Brasil para fazer o que não fariam nem em pensamento em seus países de origem. Vale à pena a leitura do artigo.
Maior empreendimento da empresa alemã ThyssenKrupp no Brasil, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) faz parte das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Construída no bairro carioca de Santa Cruz, deixou a cidade mais poluída e não criou os empregos anunciados.
Vem poluindo cerca de 6 mil residências da região com uma fuligem que causa doenças. Tirou o sustento de centenas de pescadores da região. Foi multada por contratação ilegal de trabalhadores chineses. Teria utilizado serviços de milícias para perseguir lideranças populares que se opõem ao empreendimento.
Alexandre Pessoa é formado em Engenharia Ambiental pela UERJ e membro da Rede Brasileira de Habitação Saudável. Ele vem acompanhando o caso e diz que “o padrão de instalação da TKCSA no Brasil não seria aceito na Alemanha e nos países europeus”.
Trata-se de algo que vem ocorrendo há muitos anos. É a exportação de poluição para países cujos governos aceitam trocar segurança ambiental e social por investimentos econômicos mais que duvidosos.
Uma esperteza imaginada por um criativo diretor do Banco Mundial. Lawrence Summers era economista-chefe da instituição, em 1991. Em dezembro daquele ano, enviou um memorando a alguns colegas. O documento vazou e foi publicado por “The Economist”, no início de 1992. Vejam o que diz seu trecho inicial:
"Cá entre nós, o Banco Mundial não deveria encorajar a migração de indústrias poluidoras para os países menos desenvolvidos?”
Sim, responde o próprio Summers. Cita, entre outras justificativas, o fato de que tais países estariam “subpoluídos”. Beleza de raciocínio. Pelo jeito, ganhou muitos adeptos no Brasil, desde então.
(Porto Gente, 12/05/2011)