A reabertura da BR-319 (Manaus-Porto Velho) é uma ameaça potencial à floresta amazônica, pois facilitará a pressão da ocupação humana e migração.
A conclusão faz parte do projeto “Cenários para a Amazônia: Clima, Biodiversidade e Uso da Terra”, desenvolvido pelos pesquisadores Philip Fearnside e Vinícius Machado, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
O estudo consiste em desenvolver uma simulação da dinâmica espacial do desmatamento na região de influência da rodovia BR-319 – que liga Manaus a Porto Velho, em Rondônia.
Relatório parcial da pesquisa indica que a expansão do desmatamento na Amazônia tem se concentrado ao longo de uma faixa que se estende pelo sul da região, desde o Maranhão até o sudeste do Acre.
“Essa expansão acelerada se deve possivelmente a uma série de fatores, especialmente à melhoria e ampliação da malha viária na região. Rodovias na Amazônia têm sido consideradas como vetores que levam ao processo acelerado de desmatamento a áreas remotas”, observou Machado.
Na simulação, cenários são criados com e sem a pavimentação para verificação dos impactos, mesmo com a impossibilidade de se prever as mudanças climáticas.
Segundo Machado, é possível ter uma ideia a partir de cálculos sobre a emissão de biomassa, por exemplo.
Desmatamento
“Vamos observar também, nestes cenários, a inclusão de unidades de conservação na região de influência da rodovia. Precisamos saber como será a dinâmica no futuro e de que forma as áreas de proteção podem conter o avanço do desmatamento”, afirmou.
Machado explicou que o estudo tem o intuito de aprimorar o modelo desenvolvido por Fearnside, além de atualizar o banco de dados geográfico e simular o desmatamento no interflúvio Madeira-Purus (rios da região), em decorrência da reconstrução da rodovia, no período de 2009 a 2050.
Com o resultado das simulações serão produzidos mapas temáticos que refletirão a dinâmica do desmatamento na região estudada, para cada ano.
Os mapas servirão como base para derivar outras informações, como emissões de gases oriundos do desmatamento e perda de habitat de espécies. A previsão é de que até julho de 2012 um relatório seja enviado ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT).
Vinícius Machado é aluno de mestrado, cujo projeto indica uma floresta mais adaptável e, ao mesmo tempo, vulnerável às mudanças climáticas.
Intitulada ‘Modelagem do Impacto das Mudanças no Uso da Terra e Aumento dos Gases de Efeito Estufa no Balanço de Umidade na Amazônia: um estudo com modelo regional da atmosfera’, a dissertação traz uma análise sobre o desmatamento e o clima.
Este projeto tem apoio da Fundação Estadual de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam).
As informações são da assessoria de comunicação da Fapeam.
(UOL, 12/05/2011)