Um grupo de produtores do Sul do país não esperou a aprovação do Código Florestal para iniciar a recuperação das Áreas de Preservação Permanente (APPs). No vale do Taquari, interior do Rio Grande do Sul, o plantio de árvores virou um compromisso, sem a aplicação de multas.
Em Estrela, também no interior do RS, a família do agricultor Ildo Wermann, havia construído a sua propriedade próxima ao rio, porém há 15 anos perceberam a importância das árvores nas margens e iniciaram o plantio. Atualmente do pátio da casanão se enxerga o leito do Taquari.
– Foi uma tentativa nossa, de conter as margens do rio, porque cada vez o rio desbarrancava mais, então a gente inventou de plantar umas árvores para ver se segurava um pouco – conta.
– Observamos o barranco caindo, as enchentes que vinham, e alguma coisa tinha que ser feita. Então, por livre e espontânea vontade, começamos a plantar árvores. Era a única alternativa que a gente via – explica o produtor rural Elói Wermann.
A iniciativa serviu de exemplo para centenas de propriedades da região que fazem parte do projeto Corredor Ecológico. Os donos das áreas assinam um termo de ajustamento de conduta para recuperar os locais onde a natureza foi degradada.
– As pessoas firmam com o poder público, com as instituições, o compromisso dessa minimização do impacto que ocorre nas áreas de preservação permanente, sem que inviabilize a sua produção agrícola que é fundamental para o desenvolvimento – esclarece a promotora de justiça, Mônica Maranghelli de Ávila.
Cada caso foi analisado separadamente pelo grupo de trabalho que reúne prefeitura e Ministério Público, e é acompanhado de perto depois que é feito o acordo.
– Como nós iniciamos este projeto no ano de 2008, a cada ano é feita uma vistoria em todas as propriedades para fazer acompanhamento e, caso a propriedade já tenha executado o projeto, ocorre um acompanhamento. Se não foi executado ainda, a gente conversa com o proprietário e faz um combinado. Porque são três anos agora pra finalizar a execução dos mais de 300 termos, porque são mais de 300 propriedades onde precisa ser executado – informa a secretária do Meio Ambiente de Estrela, Ângela Schossler.
O produtor rural Gastão Horn plantou as primeiras árvores no ano passado, e diz que o trabalho mobilizou toda a comunidade.
– A maioria dos vizinhos já está plantando, porque estamos preocupados por causa dos barrancos – conta.
(Por Cristiano Dalcin, Canal Rural, 11/05/2011)