Na correria, governo e parlamentares estão tentando costurar uma proposta do Código Florestal que fique bem na foto. Mas o assunto é sério demais para ser feito assim, a toque de caixa. Na pressa, as propostas que estão saindo deixam a legislação cada vez mais distante do ideal. Depois que Aldo propôs isenção e abatimento de impostos aos que recuperarem áreas desmatadas ilegalmente, o governo chegou com outra espécie de bolsa desmatamento: quem recompor as Áreas de Preservação Permanentes (APPs) ganha um belo desconto nas dívidas rurais.
Funciona assim: a cada tonelada de carbono “poupada” com o replantio de uma área derrubada ilegalmente, o produtor recebe um bônus de R$ 17, informou o jornal Estado de S. Paulo. Com a proposta, a dívida do setor – que hoje bate os R$ 80 bilhões – seria reduzida em até 70%. Quem paga? Eu, você e todos os cidadãos brasileiros.
Debaixo de uma forte pressão ruralista para votar logo a derrubada do Código Florestal, o governo está tentando se equilibrar entre as demandas do setor e a preservação. Pois sabe que se o projeto dos ruralistas passar, abrindo espaço para mais desmatamento, a presidente Dilma Rousseff vai para a berlinda: nos últimos anos, o Brasil reduziu muito o desmatamento e assumiu globalmente o compromisso de reduzir suas emissões.
Jogar isso para o alto é um tiro no pé do próprio país. Por isso, Dilma tem que se posicionar, evitando que o Congresso vote na correria uma lei que define o nosso futuro. Vamos pedir à Dilma que desligue a motosserra do Congresso!
(Blog do Greenpeace, 11/05/2011)