"Um ministro que mente publicamente à presidente da república e à nação, e que declara abertamente que seus projetos serão implementados à revelia da lei, não serve para o Brasil. Exigimos a exoneração imediata de Edison Lobão por ameaças de ações de lesa-pátria", afirma manifesto do Movimento XIngu Sempre Vivo, 09-05-2011.
Eis o texto.
Na última sexta-feira, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, veio a público para anunciar ao país que mentiu para a presidente Dilma Rousseff. Em diversas entrevistas à imprensa, este senhor confidenciou que garantiu à Dilma que Belo Monte não afetará terras indígenas.
O constrangedor deste fato é que qualquer cidadão brasileiro, em especial a presidente do país, pode se informar sobre os impactos da hidrelétrica pelos planos oficiais de mitigação da Funai, a começar pelo Projeto Básico Ambiental (PBA, que apresenta programas e projetos para mitigar os impactos ambientais e sociais diagnosticados no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da usina) e pelas 26 condicionantes indígenas impostas pela Licença Prévia, que teriam que ser cumpridas antes de qualquer licença de instalação de Belo Monte.
Até o Consórcio Norte Energia, que tem espalhado propagandas enganosas sobre a usina nos aeroportos do país, em espaços fechados considera óbvios os impactos indígenas, como explica o diretor socioambiental da NESA, Ronaldo Crusco
Veja o vídeo com as declarações de Crusco.
As lamúrias queixosas do ministro Lobão, quando diz que “os senhores não imaginam o sofrimento pelo qual temos passado, nós do setor elétrico” (O Globo, 06.05.2011), são um despropósito sem tamanho. Pior, no entanto, são suas críticas ao Ibama quando, em raras oportunidades, o órgão ambiental “ameaça” cumprir as legislações ambientais do país: “em um momento são as ONGs que falam mal de nós. Se não bastasse, [ora tem] o Ibama, - que já atrapalhou mais - e o Instituto Chico Mendes, ora é opinião pública internacional”. Por fim, o ministro ainda se queixa “dos demais obstáculos”, mas é categórico ao afirmar que, “a despeito disso” (legislações nacionais, tratados e convenções internacionais, denúncias de violações, etc), prosseguirá com Belo Monte.
(Instituto Humanitas Unisinos, 10/05/2011)