O relator do novo Código Florestal, deputado federal Aldo Rebelo (PC do B-SP), foi vaiado sexta-feira por estudantes durante um debate sobre o texto com integrantes do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, em Salvador. Segundo o estudante Diego Souza, diretor da Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil, que participou do protesto, as vaias demonstraram a insatisfação dos estudantes de agronomia de todo o país.
Para ele, a mudança do código atende aos interesses da bancada ruralista da Câmara dos Deputados e do agronegócio. "O que nós queremos é a preservação da mata nativa. A alteração do código vai favorecer a monocultura e o agronegócio", afirmou. Em entrevista, Aldo Rebelo se disse confiante na aprovação do projeto. "A urgência foi aprovada por unanimidade pela bancada do governo. Não acredito que haverá problema na votação do projeto na próxima semana", afirmou.
O secretário-executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, afirmou que alguns pontos que constam na alteração do Código Florestal são um "retrocesso" para o país. Ele citou sete pontos críticos no relatório de Rebelo, como a anistia para quem desmatou de forma ilegal até 2008 e a redução da reserva legal, porção de mata nativa que os agricultores têm obrigação de manter.
Para Pinguelli, os deputados erraram ao votar a urgência do projeto porque o tema é polêmico e precisa de tempo para ser discutido. "A discussão sobre o código deve ser mais ampla e não restrita a interesses setoriais", afirmou.
(Folha, 09/05/2011)