Ao celebrar hoje 50 anos de realizações na área ambiental, a organização ambientalista mais conhecida do mundo – a Rede WWF – alerta que salvar o planeta nesse próximo meio século é uma tarefa que exigirá vigorosa liderança por parte dos governos e das empresas, além do engajamento de comunidades e consumidores.
Desde a criação da organização, 50 anos atrás, esse grupo de ponta que atua na área de conservação ambiental vivenciou a proteção de mais de um bilhão de hectares, a recuperação de várias espécies em perigo de extinção, e o direcionamento da pesca para a sustentabilidade puxada por sistemas como o do Conselho de Manejo Marinho ou MSC (sigla em inglês para Marine Stewardship Council).
No entanto, as ameaças combinadas e interligadas das mudanças climáticas e perda acelerada da biodiversidade ainda podem reverter esses ganhos. Assim, esforços ainda maiores serão exigidos dos ambientalistas.
“Estamos extremamente orgulhosos pelo que já alcançamos até agora. Mas o mundo está mudando e a Rede WWF precisa mudar também, para ir além e abordar as novas ameaças e desafios para o meio ambiente”, declarou Jim Leape, diretor-geral do secretariado internacional da Rede WWF.
Desde seu início, como um pequeno grupo comprometido e entusiasmado com a vida silvestre, até agora, a Rede WWF cresceu e se transformou numa das maiores e mais respeitadas organizações ambientalistas independentes do mundo. Hoje a Rede WWF tem o apoio de 5 milhões de pessoas e atua em mais de 100 países de cinco continentes.
Além de continuar a trabalhar com seus parceiros tradicionais nos governos e organizações não governamentais, a Rede WWF tem feito cada vez mais parcerias com empresas privadas para incentivar as políticas ambientais no setor corporativo.
“Somos gratos a todos os indivíduos, governos, ONGs e lideranças empresariais que têm nos apoiado e auxiliado para alcançar nosso objetivo. Nosso sucesso pertence a eles também.”
“É preciso reconhecer que, no mundo do ambientalismo, é necessário se reinventar constantemente para assegurar um êxito permanente,” observou Leape.
Embora ainda seja possível evitar que as mudanças climáticas atinjam um nível catastrófico, os cientistas afirmam que as emissões de gases de efeito estufa continuam em elevação. Ao mesmo tempo, os registros mostram que os 10 anos mais quentes ocorreram de 1990 em diante e que o gelo do oceano Ártico encolheu e está hoje em seu nível mais baixo.
Enquanto isso, a perda da biodiversidade se acelera. Um dos instrumentos mais antigos para medir o estado da biodiversidade – o Relatório Planeta Vivo, da Rede WWF – mostra uma tendência geral consistente de 30% de declínio do planeta entre 1970 e 2007.
“Não temos ilusões sobre as tarefas que nos aguardam na Rede WWF, sobre sua urgência e importância, nem sobre quanta ajuda vamos precisar”, declarou a presidente mundial da organização, Yolanda Kakabadse.
A Rede WWF lançou a Hora do Planeta, que é a maior manifestação mundial contra a destruição da natureza e uniu centenas de milhões de pessoas do mundo todo. A Hora do Planeta é uma mensagem universal de esperança e ação, um movimento da vontade coletiva em prol da conservação do planeta.
“Hoje vamos comemorar. Mas voltaremos rapidamente ao nosso trabalho vital, que é ajudar a criar um mundo onde as pessoas vivam em harmonia com a natureza”, concluiu Kakabadse.
A secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú, junta-se às comemorações. “Participar da história da Rede WWF é motivo de muito orgulho para nós”, afirma. “O WWF-Brasil é uma organização não governamental nacional, mas o desafio de conservação da natureza é global e está interligado. Por integrarmos a maior rede independente de conservação da natureza, somos capazes de influenciar e contribuir para a formulação de políticas ambientais globais e, ao mesmo tempo, implementar ações locais de conservação”, completa Hamú.
Brasil
A Rede WWF está presente no Brasil desde 1975, quando começou a atuar apoiando estudos e projetos voltados para educação ambiental e conservação de espécies, entre elas as tartarugas marinhas e o mico-leão-dourado, além de realizar campanhas contra o tráfico de animais e pela conservação de biomas.
Desde que se tornou uma organização brasileira, em 30 de agosto de 1996, com a criação da organização nacional autônoma e posse do Conselho Diretor, o WWF-Brasil desenvolve programas e projetos de conservação no Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia, além de estudos e projetos temáticos em áreas como mudanças climáticas, política de recursos hídricos, educação para sociedades sustentáveis, ecologia da paisagem, agricultura e energia, sempre em conjunto com instituições de governo (federal e estaduais), institutos de pesquisa, organizações não governamentais locais e empresas. Promovendo o diálogo com a sociedade para a conservação ambiental, o WWF-Brasil também realiza ações de mobilização e sensibilização nacionais e locais.
Nesse período, foram muitas conquistas no País. Em destaque o sólido e constante apoio financeiro e técnico ao maior programa de conservação de florestas tropicais do planeta, o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). O programa é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e implementado pelas instituições de gestão de unidades de conservação como o ICMBio (federal) e os sete estados amazônicos (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia e Tocantins), para criação de novas áreas protegidas na Amazônia e na consolidação de unidades de conservação já criadas para que os objetivos de conservação de cada uma dessas áreas sejam plenamente atingidos.
A estruturação de cadeias produtivas de base florestal e à pesca sustentável na Amazônia, o incentivo à produção de carne orgânica no Pantanal e a restauração de paisagens e apoio à criação de unidades de conservação na Mata Atlântica são algumas das realizações de longo prazo nas quais o WWF-Brasil investe.
Mais de 100 publicações, entre estudos, pesquisas e material didático, foram produzidas e divulgadas em 15 anos. Somente no período de 2005 a 2010, foram realizadas nove expedições científicas, além de 16 eventos especiais, entre seminários e viagens de imprensa e ações de mobilização da sociedade como o movimento Hora do Planeta, realizada há três anos no país.
(WWF Brasil, 02/05/2011)